Algumas
pessoas têm mais facilidade para chorar do que outras.
Não porque
estejam tristes, mas porque reagem mais sensivelmente a situações específicas
cotidianas.
Existem
inclusive algumas teorias de que não se deve chorar no ambiente de trabalho,
para não demonstrar insegurança profissional, ou que quem não chora é
insensível.
O choro é um
dos recursos mais primitivos, que usamos para poder lidar com o ambiente depois
que saímos do corpo de nossa mãe.
Os bebês
choram por fome, frio, ou qualquer estímulo que os desagrade, pois eles não têm
a menor capacidade de reagir de outra maneira. Eles não conhecem nenhum código,
mímica, linguagem. É tudo instintivo. Eles não possuem recursos.
Então só
lhes resta chorar, sinalizando algum desprazer, e assim podem ser atendidos.
Mas e os
adultos?
O choro tem
também a função de extravaso. Quando uma emoção nos toma fortemente, podemos
não aguentar e involuntariamente explodimos num choro. Pensando por este lado,
é um processo positivo, de descarrego de tensão.
Mas é
importante observar quando a vontade de chorar aparece de maneira
desproporcional ou incoerente diante de situações de dia-a-dia. Por exemplo, se
encontro uma dificuldade no trabalho, um desafio, uma crítica, uma cobrança, e
a vontade que tenho é de me trancar no banheiro e chorar, é como se o único
recurso que eu tivesse, fosse o choro. Como uma criança que não sabe o que
fazer, que precisa de ajuda.
Mas não
deveria ser assim, já que num primeiro momento podemos considerar que os
adultos possuem mais recursos, podem reagir, raciocinar, planejar, defender-se.
Chorar, em
alguns casos pode significar um funcionamento infantil, no sentido de a pessoa
não conseguir lidar mais seguramente com uma situação de conflito.
Nesse caso
pode estar havendo uma projeção das experiências de criança com a situação
atual. Isso quando a vivência velha não foi elaborada, deixando marcas, algo
como se fosse um trauma.
Se você ao
viver uma situação de cobrança, seja num relacionamento amoroso, na família, no
trabalho, na vida, onde precise definir coisas, se posicionar, resolver, reagir,
e perceber que a primeira coisa que sente é vontade chorar, pode fazer uma
autoanálise. Pode haver vivências infantis que se relacionam com o seu agora.
Podem ter a
ver, por exemplo, com a ausência de amparo por parte dos pais quando você
formava a sua autoestima e precisava construí-la com segurança, dificuldades
que passou sozinho e que não teve com quem contar (na escola, por exemplo), ou
até mesmo processos que tenha aguentado sozinho e por algum motivo não contou
para ninguém.
Pessoas que
viveram muita ausência afetiva, falta de proteção, podem trazer consigo
insegurança, sensação de que estão sozinhos, e reagem primitivamente, mesmo sendo
adultos. É um comportamento desatualizado.