quarta-feira, 29 de abril de 2015

Chega logo sexta!


Chega logo sexta!

Chega logo amanhã, chega logo a distância do hoje.

Vejo as pessoas almejando os últimos dias da semana, e no início da próxima o ciclo se repete.

Mas...e o hoje?

Você não é feliz hoje?

Você não gosta do que faz hoje?

Você não tem motivos para estar feliz no presente?

Como sempre escrevo, a felicidade é muito mais um estado interior. E ela pode estar apenas na paz, no equilíbrio, na vida mais preenchida.

E o que você faz para ser feliz e entusiasmado naturalmente?

Porque quando precisamos de incentivos externos para vivermos bem, então não estamos sendo espontaneamente felizes. Estamos procurando motivações do lado de fora para termos prazer. Estamos nos agarrando numa idéia futura para aguentar o agora.

E é claro que não é uma questão de dia de semana.

Se a vida só vale a pena na espera pela festa, alguma coisa pode estar errada em relação à alegria (verdadeira) de viver.

Talvez haja uma dificuldade em admitir que não faz se o que gosta, e seja imensamente difícil encarar a frustração de não ter batalhado o que queria, mesmo ainda tendo tempo para isso, porque ter tempo é igual a estar vivo, se estamos vivos, ainda dá tempo.

Talvez haja um desânimo por não estar se relacionando afetivamente com alguém, e assim o que vale é a “Hora-Feliz” diante de uma bebida com os amigos.

Mas e depois? E os minutos que você vive só com você, enquanto trabalha? Enquanto vai para casa no final do dia? Quando vai dormir?

Enquanto isso a vida vai passando.

A satisfação não tem dia da semana, nem época, nem hora.

É maravilhoso quando ela faz parte de nós.

Talvez a mudança tenha que ser feita no nosso calendário do coração, dos sentimentos, dos desejos autênticos e a batalha por eles, dos objetivos que realmente nos levarão a motivos que podem preencher com motivação e alegria...todos os dias.

Rosangela Tavares


Não me julgue mal


Parece que deixar de julgar está entre as coisas mais difíceis do nosso comportamento.

Nós julgamos o tempo todo.

Julgamos ao maldizer o motorista que nos ultrapassou rapidamente logo de manhã, quando íamos para o trabalho. Não tivemos como saber, por exemplo, que ele corria com alguém para o hospital.

Julgamos quando não conhecemos alguém de perto, e nos deixamos comentar: “O fulano é tão estranho, ele parece ser muito antipático”.

Julgar é exatamente isso: tirar conclusões e definir coisas diante de aparências.

Quem já não teve um bom amigo, que a princípio lhe pareceu uma pessoa tão diferente?

Quando julgamos, podemos estar rotulando, e quando rotulamos fechamos as possibilidades para considerar positivamente, realmente, conforme a realidade for se colocando.

E quantas conclusões erradas poderemos tirar, em qualquer tipo de situação.

Quantos erros poderemos cometer concluindo diante de impressões superficiais.

Quanto sofrimento poderemos viver em vão, padecendo por algo que não era real, que apenas parecia.

Julgar pode ser perda de tempo, de energia.

É dispender de emoções e sentimentos antecipadamente.

É falar sem ter certeza, achar sem ter confirmações.

É importante que aprendamos a prestar atenção no quanto tendemos a julgar, e em geral, para o mal. Poucas vezes julgamos para o bem. Parece algo cultural, costumeiro, contagioso.

Exercitar o não julgar é um exercício benéfico, algo que pode permitir nos conhecermos mais a fundo, observarmos como funcionamos, pode fazer-nos crescer e nos sentirmos melhores. Pode nos amadurecer.

Pense nisso.

Tente observar as vezes em que julgar, e registre o número de erros que cometerá.

Deixemos para os juízes a laboriosa função de julgar. Eles precisam, nós não.

Rosangela Tavares


segunda-feira, 27 de abril de 2015

Eu quero a minha mãe


Existe um comportamento, um funcionamento involuntário e inconsciente chamado Regressão. É quando por algum motivo regredimos emocionalmente.

É um mecanismo interno nosso, que se refere a voltar a estágios anteriores no nosso desenvolvimento emocional.

As crianças podem regredir quando nasce um irmãozinho. Elas podem se ressentir pela ausência da mãe, e pelo medo de não serem mais queridas como antes, e tendem a apresentar comportamento de bebê, voltando a pedir a mamadeira, a falar errado.

Isso significa que diante de uma dificuldade, houve uma regressão.

E isso pode acontecer para os adultos também.

Muitas vezes é num nível em que a pessoa não percebe claramente, a não ser que se conheça mais profundamente, que preste atenção para identificar.

Diante de um golpe duro na vida, uma separação, um desafio que oferece medo, alguém pode ser acometido por uma sensação de impotência, desânimo, e às vezes chega mesmo a dizer: “Precisava de um colo nesse momento”.

E não é à toa que se refira ao colo.

É comum ouvirmos: “Não tenho vontade nem de sair da cama”, como se se quisesse ficar embrulhado, escondido, protegido do mundo lá fora.

Quando alguém se acha em grande sofrimento, pode se colocar literalmente na posição fetal, abraçando os joelhos, se encolhendo, querendo no fundo, voltar para o útero, lugar mais “perfeito”, onde não existe esforço, e o afago é por inteiro, a proteção é total, a tranquilidade é absoluta.

Diante das dores emoções antigas podem voltar, inclusive lembranças, memórias de outras fases da vida, primitivas.

É o nosso interior, desejando fugir da dor, da angústia. Desejando que alguém pudesse agir como uma mãe faria, resguardando, defendendo, resolvendo por nós.

Todo esse processo pode acontecer em situações mais difíceis da vida. Caso a pessoa passe a se sentir assim frequentemente, até mesmo diante de coisas corriqueiras, então seria adequado uma intervenção, um tratamento psicoterápico ou outro, já que pode ser um sinal de que registros de alguma vivência traumática, não resolvida, esteja refletindo no agora, de forma que pode chegar a atrapalhar o dia a dia, o desenvolvimento pessoal.

Há pessoas que chegam ao ponto de não conseguirem mais prosseguir sozinhas, como se não tivessem mais forças para lidar com o “mundo adulto”, entram num estado mais depressivo, e pode ser um quadro sério se não for tratado.

Querer a mãe em momentos da vida, e relembrar como era bom o seu colo, é natural.

O que não pode ser saudável é querer literalmente fugir do mundo, da vida, como se não tivesse recursos desenvolvidos para lidar. Então é bom procurar ajuda.

Rosangela Tavares






sexta-feira, 24 de abril de 2015

O Inconsciente e a importância do autoconhecimento


O Inconsciente é uma "ala" dentro da nossa estrutura mental. 

É subjetiva, como tudo o que tem a ver com nossa mente e pensamentos.

Ele é como um baú, um arquivo com espaço infinito para os nossos registros.

O mais interessante sobre o baú do Inconsciente, é que dentro dele as memórias giram, elas são atemporais.

E isso pode ser o mais interessante, mais importante, e mais perigoso também.

Tudo o que vivemos, cada sensação, cada impressão de cada segundo experimentado estará guardado ali, com menos ou mais energia, significado e força, mas estará.

E esse processo inclui nossas memórias e sensações desde a condição intra-uterina, isso já foi estudado e comprovado teoricamente.

Mas o que vai fazer toda a diferença para a nossa vida e saúde emocional, é a qualidade desses registros, pois bons ou ruins, suas impressões poderão emergir em momentos da vida, vibrando e interferindo no nosso presente, mesmo que não queiramos.

Muitas vezes não nos conheceremos o suficiente para identificar que aquela dificuldade diante de um desafio profissional teria a ver com uma vivência antiga da escola, quando uma professora fez tudo ser mais difícil.

Não conseguimos identificar que o fato de não conseguirmos um bom relacionamento afetivo tem a ver com um juramento inconsciente feito por nós mesmos, quando éramos muito pequenos e vimos os nossos pais brigarem feio sempre.

Não conseguimos relacionar o medo de crescer e assumir a própria vida, com a velha frase do pai, que repetia há muito tempo atrás: “Aproveite mesmo a infância, porque ser adulto é só problema”.

Nesse sentido o autoconhecimento, a busca pelo sentido de como somos a fundo, pode fazer muita diferença.

Quando passamos a entender com detalhes as emoções inexplicáveis de agora, as dores (emocionais) que surgem sem sabermos por que, então podemos compreender a relação entre os registros, e os porquês dos medos, dos conflitos, dos pânicos, das limitações.

O Inconsciente não perdoa, ele funciona implacavelmente, registrando nossos passos, e em qualquer tempo elementos dele se relacionarão de perto com o nosso presente.

Somos de certa forma escravos de um Inconsciente.

A boa notícia é que ele faz parte de nós, e que existem meios de conhecê-lo, desvendá-lo, entendê-lo melhor, e de certa forma interagir mais amigavelmente com ele, à medida que nos desenvolvemos.

E para isso o autoconhecimento sempre será o caminho mais efetivo, que nos dará recursos e instrumentos para isso.

Quem não conhece essa parte de nós, tão complexa, gigante e real, corre o risco de, como se diz popularmente, apanhar sem saber por que.


Rosangela Tavares

Os benefícios reais do pensamento positivo



Positivismo logicamente é o contrário do negativismo.

E por que será que se prega tanto o ser positivo como solução para ser mais feliz?

Estar numa posição positiva diante da vida, é antes de mais nada, estar vivendo sem medo.

Porque no fundo, ficar negativo é manter a impressão de que algo (ou quase tudo) pode dar errado, que se terá surpresas ruins, notícias más, ou seja, que haverá sofrimento inevitável.

E esse estado e sensação podem nos acometer quando vivemos fases difíceis, e criamos sem querer uma teoria interna, de que a vida não é boa, que não vale a pena, que nada é fácil, que tudo sempre sai errado.

Por isso precisamos tanto nos conhecer melhor, estarmos atentos às nossas reações e comportamentos de sempre, para podermos modificar as repetições negativas, pois a verdade é que todos os dias somos uma versão nova de nós mesmos, todos os dias podemos aprender a agir diferentemente, para obter resultados melhores. E assim vamos criando autoconfiança, acreditando que podemos mais. Vamos mudando a teoria da impotência.

E quando se vive sem medo, é mais fácil acreditar que tudo está bem, e que se manterá bem, já que não há o que temer, já que somos capazes.

Ser positivo é estar equilibrado, estar bem, e de uma forma mais profunda, estar vivendo sem conflitos, sem medos, o que nos deixa em segurança, o que nos deixa plenos.

Ser positivo é ser feliz, é conseguir olhar para a vida sem as lentes do receio, da preocupação e ansiedade por algo ruim.


Conseguir a condição interna de pessoa positiva é uma grande conquista, que contribuirá para uma vida de satisfação e qualidade, física e emocional.


Rosangela Tavares



quinta-feira, 23 de abril de 2015

Vazio interior


Ouvimos muito falar em vazio, vazio interior, vazio emocional, vazio que não se sabe explicar.

O sentimento de vazio na vida é algo muito significativo, e deveria ser levado em consideração muito mais do que geralmente é.

Sentimento de vazio sugere insatisfação, carência, infelicidade, solidão, insaciabilidade, tristeza, depressão.

O vazio pode estar ligado a muitas coisas.

Alguém que perdeu algo importante na vida pode ficar com o sentimento de vazio, como não ter mais aquela pessoa querida, o animal de estimação, o emprego que amava, a casa onde morou desde a infância.

E vazio pode ter a ver com outros aspectos, como quando alguém não encontra sua vocação profissional, não trabalha no que gosta, se sente infeliz sem saber no que realmente se realizaria. E fica a sensação de vazio, de não saber que caminho tomar para mudar de vida.

E tem o vazio mais profundo, aquele que algumas pessoas descrevem como algo que as acompanha desde que se lembram, desde que eram pequenas.
Nesse caso podemos pensar numa criança que não teve o suporte emocional de que precisava, seja da mãe, dos pais, da família. Muitas pessoas contam sobre um vazio imenso ao lembrar de como a mãe era ausente (emocionalmente e/ou fisicamente), do quanto se sentiram sozinhas e desamparadas, do quanto não tiveram com quem contar, tenha sido pela repressão vivida em casa, ou pela falta de condição dos pais darem mais continência, de ouvirem, de acompanharem, de darem colo. Muitas vezes os pais nem tiveram ciência dessa necessidade por parte da criança, do quanto eles lhe faltaram.

E é como essas pessoas dizem se sentirem até hoje, em falta, carregando um sentimento de não completude, de carência, de que lhes falta alguma coisa.
Vemos muitos casos em que se procura o preenchimento em outra pessoa, às vezes até numa relação que não é boa, mas que traz em algum nível a idéia de não estar sozinho, no vazio.

Pessoas procuram como companhia a bebida, o cigarro, os excessos.

Tem as pessoas que conseguem crescer profissionalmente, como os velhos famosos, que ganham muito dinheiro, se casam, e mesmo assim parecem continuar a carregar um vazio tão grande que acabam por pôr um fim à vida, às vezes propositalmente, quando não definham nos abusos do que faz mal.

O vazio pode ser um incômodo constante, um oco, um buraco no emocional.

E todo o vazio tem a sua razão de ser.

Quando se pode dar conta de que o vazio existe dentro de si, e se pode trabalhar e analisar de onde pode vir, fica menos difícil intervir, de forma a amenizá-lo, entendendo melhor  em que área se encontra,  e assim poder aceitar, e então trabalhar, elaborar, para poder tentar de alguma forma transformar a “perda” antiga, atualizando a representação da vida, encontrando recursos e formas de lidar e até preencher o velho vazio.

Rosangela Tavares


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Sofrimento



Existe um princípio de funcionamento nosso, chamado Princípio do Prazer.

O Princípio do Prazer é algo que faz parte da nossa natureza, da nossa atividade central, assim como existe o nosso instinto de sobrevivência.

Desde que nos formamos, já vivemos pelo Princípio do Prazer, que consiste no impulso de buscar o prazer toda a vez que surge um desprazer, um incômodo.
O bebê chora assim que qualquer desprazer surge.

Nós buscamos acabar com desprazer a cada vez que sentimos sede, fome, saudade, dor, frio, calor, raiva...

E ao desconforto mais intenso podemos chamar de sofrimento.

Toda a vez que estamos em sofrimento, reagimos de alguma forma, seja chorando, falando, entristecendo, dormindo, nos irritando, adoecendo.

Sempre existirão os sofrimentos que poderemos tratar, amenizar, evitar, lidar de jeitos diferentes.

De qualquer forma o que mais importa na questão do sofrimento é o quanto temos capacidade para reagir positivamente, buscando saídas, ao invés de nos recolhermos, nos fecharmos, acabando por cair em depressão e angústia, ou ficarmos levando uma vida sem graça, vivendo por viver.

O que mais importa aqui, é a busca pelo prazer, por viver feliz.

Muitas vezes quem está em grande sofrimento mal consegue ter a clareza sobre qual caminho tomar, mas independente disso, em geral sempre haverá um caminho para a mudança.

Algumas pessoas se acostumam a um estado de sofreguidão, e vão seguindo, se lamentando todo o tempo, mas não fazem nenhum movimento para a mudança. E por incrível que pareça, algumas delas precisam desse sofrimento, pois é o sentido que deram para suas vidas.

Aprender a lidar com o sofrimento é algo que alcançamos quando criamos recursos internos, que são descobertos e desenvolvidos a partir do autoconhecimento.

A Psicoterapia, por exemplo, é um dos caminhos para este trabalho.
Quanto mais nos conhecemos, mais temos condições de estar preparados para lidar com os processos da vida.

Sofrer pode ser uma escolha, mas é importante termos claro, que só depende de nós para encontrarmos o alívio. 

Escolher a dor nem sempre vale a pena.

Rosangela Tavares




























































quinta-feira, 16 de abril de 2015

Angústia de separação


O Transtorno de Ansiedade de Separação (Angústia de Separação) leva a um estado de muita sofreguidão.

Transtorno de Ansiedade de Separação é o nome que se dá ao quadro de sofrimento emocional exagerado relacionado a separações.

As crianças normalmente passam pela dificuldade de se separarem dos pais, da casa, quando vão para a escola, ou para lugares quando ainda não experimentaram ficar longe da família. É normal. Os bebês em algumas fases também experimentam sofrimento diante do distanciamento da mãe.

Mas o Transtorno de Ansiedade de Separação é algo que se instala, e é mais intenso e sério.

Esse quadro advém de situações traumáticas vividas, que incluem separações bruscas, significativas e extremamente doloridas, ou qualquer situação que represente uma separação sofrida, de marcas profundas.

Nesse sentido podemos estar falando, por exemplo, de uma separação entre mãe e filho (a mãe abandonou, a mãe morreu, a mãe deixava no berço por longos períodos, a ponto da criança angustiar-se terrivelmente), e outras situações que podem ocorrer não só com crianças.

A pessoa que sofre desse transtorno vive uma ansiedade muito alta diante de qualquer situação que signifique rompimento. E junto vem o medo, o pavor.

É como se, em cada vez que ela precisasse se separar, a angústia da velha experiência retornasse, com a força do trauma.

A angústia pode ser tão intensa que a pessoa tem problemas até para se separar de coisas negativas, de uma fase ruim, de alguém que não lhe faz bem, pois o pânico está acima das circunstâncias, o trauma maior é o desenlace, a despedida, mesmo que seja se separar de um problema.

Uma pessoa que vive este quadro, pode chegar a tomar qualquer tipo de atitude extrema para não enfrentar uma separação, até mesmo em situações corriqueiras. Ela pode, por exemplo, se machucar propositalmente numa viagem, buscando um meio de não ter que regressar, se despedindo da viagem.

Alguém assim pode amanhecer num Domingo já angustiado e deprimido, ao imaginar que no final do dia se despedirá do fim de semana, dos amigos ou do namorado.

Muitas vezes a causa está na infância, mas a pessoa pode levar isso para a vida, projetando a antiga vivência nas situações da vida em geral, com um fundo de angústia exacerbado.

É claro que estamos falando de situações extremas, mas o Transtorno é bem isso, o resultado de um trauma causado por uma experiência avassaladora (emocionalmente falando), relacionada a uma separação em algum tempo.

O quadro requer tratamento psicoterapêutico, já que as separações fazem parte do nosso cotidiano e da nossa vida, e viver assim pode acarretar outros desequilíbrios e até somatizações.

Rosangela Tavares


terça-feira, 14 de abril de 2015

Feliz hoje e sempre


Onde  você encontra a sua felicidade?

Quanto você gasta por você? E com você?

Porque nós podemos considerar que temos motivos para nos sentirmos felizes, como adquirir um bem material, ter bons amigos por perto, ter um bom emprego.

Mas, e se um dia você se encontrar sem emprego, sem o bem, sem os amigos?
Felicidade, em seu maior significado, é uma condição interna adquirida, estruturada, e não circunstancial.

Ser feliz é conseguir manter espontaneamente um equilíbrio emocional, um estado de satisfação e bem estar contínuos, que se misturam a sentimentos como paz, ânimo, alegria, disposição, sentido em viver.

Podemos imaginar que uma pessoa feliz acorde e não precise pensar em motivos que estão fora dela para se sentir entusiasmada, com razão para viver. Ela está feliz porque é feliz por dentro. E só. O que vier de fora, será para somar alegrias ao seu coração feliz.

Quando falamos no estado de equilíbrio, estamos falando sobre nos sentirmos bem, sem conflitos desnecessários, sem peso, e isto inclui medos, ansiedades, insatisfações, traumas, dores emocionais e físicas, culpas, dificuldades nos relacionamentos, sentimento de vazio.

A busca de motivação a partir de coisas externas é muito comum, e as pessoas têm vivido extremamente insatisfeitas, lamentando-se, adoecendo, sem perceber que a primeira mudança deve acontecer dentro delas, que os lugares que ocupam em seu mundo são reflexo de seu próprio interior, de seu jeito de ver a vida a partir de suas projeções.

Uma casa não pode funcionar com o sofá na cozinha, o fogão no banheiro, a cama no quintal e lixo para todo o lado.

E é assim que o nosso interior é, quando estamos em conflito, sem nos conhecermos como deveríamos, sem conseguirmos intervir para a nossa melhora, nosso desenvolvimento interno, nossa transformação verdadeira, nosso êxito.

Quem está em feliz não adoece, seu sistema imunológico se mantém forte, a vida é vivida com gosto e contentamento. Quem está bem progride, cria, realiza, e se realiza.


Precisamos aprender de uma vez por todas que a vida acontece dentro de nós, e assim como o nosso coração físico precisa estar em perfeita condição, o nosso coração emocional também precisa.

Rosangela Tavares


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Movimento Padrão


Os psicoterapeutas falam muito sobre os tais movimentos padrões.

Na verdade é algo muito importante para se conhecer.

Nós costumamos viver o nosso dia a dia automaticamente. Vivemos nossos relacionamentos como achamos melhor, e assim levamos a nossa vida.

Mas o que às vezes conhecemos muito pouco sobre nós, são os nossos movimentos padrões.

Movimentos padrões são os nossos comportamentos repetidos inconscientemente, condicionados até, o nosso jeito de nos posicionarmos, de reagirmos, de lidarmos com os eventos da vida.

Por exemplo:

Você é uma pessoa que enjoa fácil das coisas?

Se sim, então é muito provável que você enjoe daquela música, daquela comida, daquela relação, daquela rotina, daquele trabalho, daquele objeto... E se depois de um tempo você “desenjoa” e volta a escutar aquela música, pode ser também que depois de um tempo volte a comer aquela comida, volte a pensar naquele relacionamento, repense o tipo de trabalho, volte a usar aquele objeto. E o ciclo se repete.

Você é uma pessoa que nunca acaba algo que começa?

É provável que comece um curso e não termine, que faça uma promessa para você e não consiga cumprir, que comece uma relação e não a trabalhe o suficiente para mantê-la, que não dê continuidade num tratamento de saúde, que comece o dia na intenção de realizar algo e no final não realize.

Nós nos comportamos e reagimos de forma parecida com tudo o que nos relacionamos, seja com objetos, pessoas, empregos, planos, decisões, tudo.

E como não conseguimos perceber com clareza o que fazemos, acabamos por viver consequências sempre parecidas, resultados parecidos, muitas vezes negativos.

Se eu desanimo no primeiro obstáculo para realizar uma receita de culinária, é provável que desanime diante de uma dificuldade num curso, num passeio, num plano.

Quando nos conhecemos melhor, conseguimos identificar a forma como funcionamos e nos comportamos nos processos, então fica mais fácil separar as dinâmicas, e interferir, podendo assim ajustar os movimentos, mudar os velhos jeitos, melhorando a vida.

Uma pessoa que toma atitudes precipitadas pode sempre fazer uma escolha errada, seja de um prato no restaurante, um emprego inadequado, assumir algo que não consegue dar conta ou até partir para algo mais complicado de ser resolvido, como jogar tudo para o alto no trabalho e abrir um negócio que não dará certo, pois não tem o perfil para atuar naquilo.

E as experiências não necessariamente farão a pessoa mudar, já que ela não percebe como fez. Ela pode se arrepender após cada experiência, sem ligar uma coisa à outra, já que desconhece seus padrões de comportamento.

Por isso é tão importante nos autoconhecermos, e saber que os nossos movimentos padrões ocorrem o tempo todo, e podem nos trazer efeitos bons ou não.


Estando conscientes de como atuamos, nos auto orientamos, e isso faz toda a diferença para uma vida mais feliz, com resultados felizes.

Rosangela Tavares


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Aprendendo a lidar com a culpa


Eu recebo casos no consultório, de pessoas que sofrem por se culparem por coisas que viveram, atitudes que tiveram, se sentindo culpadas por relacionamentos que terminaram, empregos que abandonaram, males que teriam causado.

A culpa é a condição de se sentir mal por achar que atuou em alguma situação tendo sido o ator responsável pelo acontecimento e pela consequência daquele acontecimento.

A diferença entre se sentir culpado e responsável, é que quando alguém se sente responsável, está simplesmente admitindo que foi a sua atuação que causou algo, que foi  o seu despreparo, sua imaturidade, sua negligência, enfim, que foi responsável.

Já a pessoa culpada vive uma submissão, uma entrega, um sentimento sofrido diante de um cenário que na verdade pode ter sido mal analisado, mal explicado, mal compreendido.

E quem se cobra passa a ocupar um lugar de culpado, às vezes por muito tempo.

Mas é possível se sentir responsável sem se sentir culpado.

Pode-se admitir uma responsabilidade somente neste nível, sem se sentir em sofrimento, com remorso, porque a culpa, o remorso (que é o arrependimento com culpa), é a idéia de que se foi mal, maldoso.

Isso tudo vem de encontro com os conceitos da pessoa sobre ser boa, ser má, como ela constituiu isso, como ela aprendeu isso desde a infância.

Uma pessoa pode ter aprendido desde pequena que a vida é feita de escolhas e consequências, e que a partir do momento que se dá um passo, já se tem uma consequência, boa ou ruim, e sendo ruim, ela poderá se sentir responsável, aprenderá com aquilo, mas não necessariamente precisará se sentir culpada e sofrer, porque se aprendeu a lição, significa que tenderá a não repetir uma atitude do tipo. Nesse caso ela aprendeu como se responsabilizar por seus atos.

Pessoas que se culpam com facilidade, podem ter vivido experiências que as fizeram acreditar que são causadoras de maldades, situações que as levaram a se manterem assim, sempre em posição de culpadas (por exemplo pais que sempre apontaram os erros de forma inadequada: “Está vendo o que você fez? Olha o que você causou. Você não tem jeito, só faz bobagens”).

O sentimento de culpa é negativo, se sentir culpado limita, atrapalha, além de que o culpado pode trazer para si, um movimento de defesa, como não entrar mais num relacionamento, se afastar dos amigos, da família, ou de não viver mais feliz, ou enfim, de não se permitir ter mais experiências que poderiam ser novas e boas, em nome de um castigo que ele mesmo estará se dando.

Isso impede a pessoa de crescer, de aprender, de se desenvolver, de viver.

A responsabilidade não isenta ninguém de ser o causador de algo.

Se responsabilizar tem um peso, mas permite que alguém possa pensar, rever as atitudes, perceber.


E é preciso que se aprenda a se sentir apenas responsável, admitindo a participação num episódio da vida, e que seja apenas um aprendizado, já que todos erramos, e todos temos o direito de nos redimir e seguir em frente.

Rosangela Tavares


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Que Inveja!


Muitas pessoas não gostam da palavra Inveja.

É como se a palavra imediatamente levasse à idéia de algo negativo, destruidor.

Inveja é o sentimento que alguém pode ter por algo que não lhe pertence, e que lhe causa grande admiração e desejo de possuir.

Invejar é natural. As crianças invejam quando o amigo ganha um brinquedo legal.

Mas quando já somos maiores, é um pouco diferente.

Invejar é diferente de desejar.

Alguém pode desejar conseguir comprar um carro novo, conquistar um namorado maravilhoso, ganhar um concurso.

Mas quem inveja, não simplesmente deseja. Ele olha para o que é do outro, e deseja o que o outro tem. É um olhar de desejo pela vida do outro, os bens do outro, o relacionamento do outro, com se a sua vida nunca pudesse ser igualmente boa. A vida do outro é sempre idealizada como perfeita, mágica.

A diferença está na posição em que o invejoso se coloca, ele vê como inalcançável a condição que o outro possui.

Existe um prazer em assistir e querer o que é do outro, como se fosse algo muito mais fascinante do que se ele próprio possuísse.

O invejoso pode sentir raiva e frustração por não se considerar igualmente capaz, mesmo que inconscientemente, chegando ao ponto de desejar que o outro perca o que conseguiu de bom.

Muitas vezes o desejo do outro perder pode significar apenas acabar com o seu próprio sofrimento, seu sentimento de inferioridade.

Mas pode significar também certa maldade, sadismo gratuito.

Quem inveja pode carregar questões profundas de autoestima, de não merecimento,  como alguém que se acha incapacitado de crescer e galgar coisas boas para a sua vida.

Pessoas que em vivências significativas registraram seu lugar apenas em assistir, sem poder ter ou participar.

Podem ter aprendido que tudo o que é bom não é para elas.  Como se para os outros fosse fácil, possível, delicioso.

E a inveja pode ser um mecanismo que impede ainda mais que alguém se volte para si e invista em seu desenvolvimento e capacidades.

Enquanto se inveja, se perde tempo e oportunidade de buscar caminhos.


Invejar é algo triste, de vazio, de insatisfação e infelicidade.


Rosangela Tavares





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