Quando a gente tem alma de psicólogo, a gente observa o
mundo com uma visão um pouquinho diferente. A gente observa analisando, sem
crítica ou julgamento, apenas analisando as diferenças entre os elementos da vida,
das pessoas, do mundo como um todo.
É estarrecedor ver o quanto existe um comportamento de
conformismo entre os seres humanos.
É como se dissessem para si: “Ah, eu sou assim mesmo, é a vida...”
Às vezes eu fico assustada de ver tanta inadequação,
conflito e sofrimento nas vidas, e vejo as pessoas apenas vivendo por viver,
levando o dia a dia como se o desequilíbrio, a dor (emocional e física) e os
problemas (emocionais, relacionais, de saúde) fossem normais.
Pessoas que não se encontraram ainda, que vivem
relacionamentos difíceis e desajustados, em nome do medo da solidão, porque não
aprenderam a se amar o suficiente para estarem felizes sozinhas, e assim atraírem
alguém tão feliz quanto. Possuem tantos medos e bloqueios que não conhecem, e
escolhem inconscientemente pessoas que trazem mais sofrimento para seus mundos.
Pessoas que vivem solitárias por defesa, porque criaram suas
teorias sobre “amar é sofrer”, ou “família é só problemas”, quando sofreram
no passado, e se traumatizaram.
Se pudessem resolver os seus passados, ressignificar as
experiências, teriam a chance de serem felizes ao lado de alguém e de sua
própria família. Porque amar não é sofrer. Pelo contrário, amar é dividir a
felicidade da vida.
Vejo pessoas que não sabem o que gostariam de fazer, não tem
sonhos, trabalham insatisfeitas, e não sabem ao menos responder à pergunta
sobre o que realmente as realizaria profissionalmente. Não conhecem o que as
preencheria de verdade, porque na verdade nem conhecem a si mesmas, não sabem
com o que se identificam.
Pessoas com autoestimas cheias de buracos, infâncias
difíceis, crenças rígidas sobre sofrimentos imutáveis, acreditando que
felicidade é fantasia.
É como se viver com um vazio no peito, desgaste e
infelicidade fosse algo a se aceitar, simplesmente aceitar e deixar a vida
passar.
E se conformam, e o tempo vai passando, e a vida vai se
perdendo...
É uma pena que a palavra autoconhecimento
pareça apenas um termo entre muitas letras num livro de autoajuda, quando poderia
ser a solução para uma vida. Para muitas vidas.
Quando publico um texto, o publico com todo o coração.
Ainda tenho a esperança de que muitos despertem e descubram
o infinito de recursos que existem para reformarem as suas vidas, seus interiores.
Para isso nós, profissionais que amamos o que fazemos, que nos
realizamos na transformação de vidas, estamos aqui, bastando que se disponham a
modificar seus preceitos, seus jeitos, seus modelos.
Porque a vida acontece dentro de nós.
Rosangela Tavares
Muito bom como sempre!!!
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