Na faculdade de
Psicologia, um dos meus colegas era uma senhora de setenta anos.
Quando se é
pequeno, ainda não se tem medo da vida.
Então se vai
arriscando, vivendo e acreditando.
Até que os
revezes começam a mostrar que nem tudo é tão suplantável.
E muitas vezes,
sonhos terão que ser abdicados, adiados, sublimados...
Muitos terão
energia para se rebelar e provar que pode ser diferente.
Alguns tentarão
até o fim.
Outros tantos
seguirão culpando os Céus.
A frustração é
uma das coisas mais duras de se viver.
E é dos
sentimentos mais impactantes que se pode experimentar e carregar.
A frustração é
o “NÃO!”, que a vida grita. E fere, irrita, contraria os melhores desejos.
É das
imposições mais duras.
E em muitos
casos os obstáculos serão reais e irresolúveis (?).
Em outros, o
desaponto funcionará como justificativa para um resto de vida de lamentação e auto
piedade, quando não se puder perceber a inautenticidade do desejo, a crença inconsciente
na incapacidade, ou então a existência de um não merecimento cravejado fundo, pelos
processos difíceis da infância.
Muitos desperdiçarão
fardos de energia em sua viagem, quando não puderem captar que a aspiração não
era mais que um devaneio, mera ilusão da idade.
Muitos culparão
a passagem do tempo, por ser menos árduo do que enfrentar o desgaste na batalha
pelo tão pregado sonho.
Dirão que o
tempo levou a vontade, desfez a possibilidade.
Mas o tempo não
é tão maldoso assim.
Não mais do que
as nossas insuficiências internas, que podem ser enfrentadas, mostrando mais
uma lição da vida nos bons resultados.
Hoje aquela
senhora do curso de Psicologia deve estar nos seus 85 anos.
Creio que ela tenha
descoberto como é ultrapassar uma reta final. Deve ter valido a pena.
Porque os
sonhos são como jóias: se legítimos, são lindos e caros.
De qualquer
forma, quando se conseguir ter a clareza e a certeza de que os esforços e aprendizados
sempre valem a pena, e que sempre existirão formas de se dar a volta por outros
cursos, então se poderá contornar o tropeço, manter-se menos emburrado com a
vida, descobrindo que numa pequena receita pode caber o ingresso para um sonho genuíno:
fé em si mesmo, aceitação e disposição sem limites.
Rosangela Tavares
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