quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Agora não dá mais tempo...


Na faculdade de Psicologia, um dos meus colegas era uma senhora de setenta anos.

Quando se é pequeno, ainda não se tem medo da vida.

Então se vai arriscando, vivendo e acreditando.

Até que os revezes começam a mostrar que nem tudo é tão suplantável.

E muitas vezes, sonhos terão que ser abdicados, adiados, sublimados...

Muitos terão energia para se rebelar e provar que pode ser diferente.

Alguns tentarão até o fim.

Outros tantos seguirão culpando os Céus.

A frustração é uma das coisas mais duras de se viver.

E é dos sentimentos mais impactantes que se pode experimentar e carregar.

A frustração é o “NÃO!”, que a vida grita. E fere, irrita, contraria os melhores desejos.

É das imposições mais duras.

E em muitos casos os obstáculos serão reais e irresolúveis (?).

Em outros, o desaponto funcionará como justificativa para um resto de vida de lamentação e auto piedade, quando não se puder perceber a inautenticidade do desejo, a crença inconsciente na incapacidade, ou então a existência de um não merecimento cravejado fundo, pelos processos difíceis da infância.

Muitos desperdiçarão fardos de energia em sua viagem, quando não puderem captar que a aspiração não era mais que um devaneio, mera ilusão da idade.

Muitos culparão a passagem do tempo, por ser menos árduo do que enfrentar o desgaste na batalha pelo tão pregado sonho.

Dirão que o tempo levou a vontade, desfez a possibilidade.

Mas o tempo não é tão maldoso assim.

Não mais do que as nossas insuficiências internas, que podem ser enfrentadas, mostrando mais uma lição da vida nos bons resultados.

Hoje aquela senhora do curso de Psicologia deve estar nos seus 85 anos.

Creio que ela tenha descoberto como é ultrapassar uma reta final. Deve ter valido a pena.

Porque os sonhos são como jóias: se legítimos, são lindos e caros.


De qualquer forma, quando se conseguir ter a clareza e a certeza de que os esforços e aprendizados sempre valem a pena, e que sempre existirão formas de se dar a volta por outros cursos, então se poderá contornar o tropeço, manter-se menos emburrado com a vida, descobrindo que numa pequena receita pode caber o ingresso para um sonho genuíno: fé em si mesmo, aceitação e disposição sem limites.

Rosangela Tavares



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