quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Terapia é para doido!

Por incrível que pareça ainda hoje ouvimos pessoas falarem: "Fazer terapia? Mas eu não estou doido!".


Sim, antigamente (nem tão antigamente) se consultar com um psicólogo era para quem estivesse "louco".

Quem nunca assistiu a algum filme monstruoso, que mostrava pacientes num manicômio horrendo, levando choques na cabeça e mangueira de água gelada?

Infelizmente isso já aconteceu, mas foram épocas em que a medicina não tinha conhecimento suficiente para diagnosticar adequadamente um caso sério de problema mental, de um caso em que alguém só precisava mesmo de orientação e ajuda emocional. Uma pena!


Mas nos dias de hoje não é mais assim, embora muitas pessoas ainda tenham esse pré-conceito sobre fazer psicoterapia.

Mas do que se trata essa tal de psicoterapia?

Psico terapia = terapia da mente, ou, tratamento da mente.

Para começar, eu diria que o vínculo entre o psicoterapeuta e seu paciente é um tipo de relação que não existe em nenhum outro campo da vida. É uma relação sem cobranças, num espaço que é só do paciente, na mais pura liberdade e confiança.

É onde o paciente pode buscar compreensão e conforto, pode falar abertamente, sem julgamentos, sem medo de ser criticado.

Isso porque o terapeuta trabalha considerando que tudo o que faz parte do interior do paciente é importante, até mesmo as suas fantasias. 

É um espaço neutro que alguém pode ter para ser ouvido e ouvir, para dividir seus segredos sem risco.

Muitas pessoas pensam que o terapeuta age como um amigo, que escuta, bate um papo e dá conselhos, mas não é assim, nem pode ser.

O trabalho terapêutico requer técnica, conhecimento, experiência, para que progressivamente haja melhora, tratamento, cura.

E quem precisa de terapia?

Eu diria que fazer terapia deveria ser como frequentar a escola, a aula de música, a academia. Pelo mais simples motivo: se autoconhecer. E isso inclui descobrir coisas sobre si mesmo, coisas que podem ser bem difíceis de se conseguir identificar sozinho.

Todos nós, sem exceção, vivemos muitas experiências desde a nossa infância.

Por mais que tenhamos tido pais presentes, uma família equilibrada, conforto e estabilidade financeira, ainda assim passamos muitas coisas que doeram, que ficaram mal resolvidas, experiências difíceis que podem inconscientemente refletir até hoje no nosso jeito de viver e de fazer escolhas pela vida.

Além disso, cada um tem seus próprios processos, padrões, funcionamentos que desconhece.

A terapia pode ajudar a descobrir por exemplo, comportamentos repetidos, que levam sempre a mesmos resultados indesejados na vida, e que não se percebe que tem.

E assim vai-se conseguindo fazer mudanças, que alterarão o velho rumo das coisas. Vai-se conseguindo ter um novo olhar sobre si próprio.

E o resultado é a melhora interior, da autoestima, da capacidade de lidar com os conflitos, o que vai abrindo caminhos, permitindo novos jeitos de viver, com bem estar progressivo, libertação.
 

Então, terapia não é para doido, mas para quem é doido pela vida!

Rosangela Tavares


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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Como enfrentar o Luto

Quando vemos alguém dizer ou escrever que está de luto, a primeira coisa que pensamos é: "Quem será que morreu?". Porque a idéia de luto está diretamente ligada à morte, à perda.

E o luto é exatamente isso, é o processo por qual passamos após uma perda.



Fazer o luto, viver o luto, elaborar o luto, é uma coisa muito, mas muito importante para o emocional de cada um.

O luto não elaborado, ou mal elaborado pode trazer no futuro os mais diversos desequilíbrios, físicos ou emocionais, incluindo depressão, crise de angústia, pânico, problemas cardíacos, obesidade...

Acontece que tudo o que possuímos ocupa um lugar, menos ou mais significativo, no nosso emocional. É como se fosse um espaço físico mesmo.


Por exemplo, a pessoa da nossa mãe ocupa uma posição dentro de nós, com um nível de importância, o nosso emprego a mesma coisa, o nosso automóvel também, mesmo sendo algo material.

De acordo com esse valor emocional, o luto se fará menos ou mais difícil.

Então, fazer o luto é trabalhar e superar uma perda.

Quando se perde uma pessoa para a morte física, a ordem das coisas é mais ou menos assim: primeiro vem o choque pela realidade. A pessoa muitas vezes não se dá muito conta do que aconteceu, por defesa. É como se diz popularmente: "a ficha ainda não caiu".



Com o passar dos dias a falta da pessoa perdida vai se fazendo mais real, e quem está de luto vive isso sem alternativa.


A cada dia que passa, inevitavelmente vai repassar todas as lembranças, vai olhar para cada foto, cada objeto e relembrar momentos, vai chorar muito, extravasando a tristeza pela situação sem volta.

Mas por mais duro que seja, esse é o caminho mais saudável, psicologicamente falando.

A cada vez que se relembra um momento, primeiro vem o prazer na lembrança, e em seguida vem a certeza de que aquele momento nunca mais existirá. E aí vem mais choro, mais esvaziamento.
Isso é elaborar o luto, repassar imagem por imagem, situação por situação, e aos poucos ir se convencendo da realidade, que mostra que acabou para sempre. 

Algum tempo depois, as lembranças que vêm, já não trarão mais a mesma intensidade de emoção. É como se a pessoa fosse esgotando a energia emocional ligada à pessoa perdida.

Quando se atinge o nível de lembrar da perda e sentir mais saudades do que tristeza e desespero, é porque o processo do luto está passando. Se poderá até conseguir sorrir ao lembrar das coisas boas passadas. No final de tudo restará uma tristeza amena, e saudade.
  
Mas como esse processo é realmente muito doloroso, muitas vezes usa-se de mecanismos de defesa, não se permitindo entrar em contato com a realidade como deveria. E isso, psiquicamente, pode ser um problema.



Porque toda a energia emocional que se precisaria esgotar, fica reprimida, guardada na sua intensidade embaixo da negação, e poderá surgir no futuro em forma de outros sintomas, muitas vezes mais impactantes do que o próprio luto.

Por isso os psicólogos falam tanto da importância de se entrar em contato com a experiência. Inclusive as crianças, que sob condução adequada, não devem ser poupadas, como se costuma achar.

Algumas pessoas ficam fixadas no passado, sem aceitar que já acabou, ficam paralisadas na vida, paradas no tempo. Isso pode se dar com a perda de dinheiro, posição profissional, relacionamento ou até à perda de uma fase (mudou de cidade, a faculdade acabou, o bebê cresceu, a viagem terminou, o filho casou...). Nesse caso pode surgir até uma depressão.

Elaborar o luto é aceitar profundamente que algo não voltará, e isso não significa que o que acabou não tem mais importância, mas que ficará numa boa lembrança, e naturalmente se conseguirá olhar para as outras coisas boas da vida e seguir em frente.

Não é fácil, mas é uma superação possível.

Rosangela Tavares


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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Medo de falar em público


Dificuldade de falar em público é medo.

Mas medo de que?

Quem tem medo de falar na frente de outras pessoas, tem medo da crítica do outro, do olhar negativo do outro.

Mas o que há de tão terrível e pavoroso nisso?

O que acontece é que, quem tem medo de se expor, tem a fantasia de que os outros pensarão coisas negativas sobre ela, que a julgarão, que enxergarão defeitos. 

A fantasia pode ser de que os outros vão achá-la insegura, inadequada, fraca, feia, imperfeita, enfim, que não é boa.

E o que significa ser considerada ruim?

Significa muito, porque todos precisamos nos sentir capazes, e acima de tudo, aceitos.

Imagine-se vivenciando essa situação e recebendo várias críticas e olhares reprovadores. Qual seria a sensação?

Provavelmente um desconforto enorme, sensação de incapacidade, vergonha, inferioridade, angústia, tristeza.

Todos somos assim. É da nossa natureza querermos ser reconhecidos, aceitos.

Não ser aceito atinge em cheio a nossa autoestima, é algo profundo porque a nossa existência no mundo depende da aceitação do outro. Se seus pais não tivessem lhe aceitado, você poderia não estar aqui lendo este artigo.

Ser excluído é penoso, leva ao sentimento de solidão, de não ser querido.

Pessoas com problemas de autoestima podem ter muita dificuldade em se apresentar. Podem ser, por exemplo, pessoas que nunca foram consideradas, foram segregadas, sofreram preconceito, veem muitos defeitos em si mesmas, se sentem sem importância.

Então a questão de ser aceito é essencial, envolve nossa autovalorização, nosso sentimento de ser amado. Isso é o que há de mais significativo nessa situação toda.

O melhor caminho para superar essa dificuldade é o autoconhecimento.
  
Se conhecer, conhecer os seus medos, se dar conta das experiências do passado que reforçam esse medo, e trabalhar seus pontos fortes, podendo assim se sentir mais seguro de si, deixando inclusive de ser tão vulnerável e sensível às opiniões alheias.

Felizmente isso é possível. 

Aliás, tudo é possível nessa riqueza que é o nosso psíquico.

Rosangela Tavares


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domingo, 19 de janeiro de 2014

Mentira


A mentira é uma coisa muito curiosa.
Aliás, o nosso psíquico é a coisa mais interessante do mundo, tamanha a riqueza de processos.

É tão fascinante pensar que na nossa "cabeça" vivemos uma realidade, e que podemos fazer muitas coisas com o que está dentro dela.

Podemos, por exemplo, ao toque de nosso desejo, reassistir a todo o nosso passado, como se fosse a um filme, que só se passa dentro da nossa mente, e que ninguém mais pode assistir, você pode no máximo descrever para outra pessoa. E você escolhe inclusive o que quer rever, escolhe por data, por lugar, por fase, por pessoas... fica até engraçado pensar dessa forma. É mágico demais.

Uma das coisas que podemos usar, é o mecanismo de mentir.

Mentir é criar uma situação irreal e utilizar-se dela para algum fim. Desde muito cedo se descobre que esse mecanismo existe. As crianças mentem.

Basicamente a mentira funciona como defesa. A pessoa muda uma realidade e usa a nova versão para não sofrer as penas que a situação real provavelmente traria.

Uma criança pode mentir sobre a nota baixa porque prevê o castigo que receberá dos pais. É legítima defesa. Mas pode ter consequências quando a falsa versão perder a validade.

E os adultos? Como se utilizam da mentira?

Como defesa também. Pode ser para não ter que passar por uma situação constrangedora socialmente, dizendo que o corte de cabelo do outro ficou bom, ou dizer ao chefe que chegou atrasado por causa do trânsito.

Pode ser para esconder uma atitude "errada" tomada em relação a outra pessoa, evitando que o outro se decepcione, fique bravo, não perdoe, deixe de gostar de você, deixe de amá-lo...

Sim, o motivo mais profundo da mentira é o medo de perder o amor do outro.
Se o outro descobrir o que a pessoa fez, vai ficar chateado, bravo, magoado, decepcionado e...não vai mais gostar dela, não vai mais considerá-la, amá-la. Essa é a consequência final e dura.

E assim é, com qualquer tipo de relação, seja amizade, família, marido e esposa, colegas... Até mesmo perder o cliente pode significar não ser mais querido, deixar de significar algo bom para o outro, deixar de ser importante para o outro. Então a mentira resguarda. Mas corre-se um risco!

Ser querido e amado preenche a nossa autoestima, significa ter importância, ser considerado no mundo, significa existir.

Não ser amado significa ser rejeitado, ficar sozinho, que é contra a nossa natureza.

Mentiras pequenas são usadas para evitar pequenos conflitos. Mas, e aquelas pessoas que mentem o tempo todo, e mentem tanto, que as pessoas à volta já não dão a menor credibilidade, dão apelidos, e mesmo assim a pessoa parece achar que todos estão acreditando?

Esse comportamento exagerado tem um nome: Mitomania. Mas a pessoa sabe que está mentindo. É um vício, ela mente por mentir.

Quando a pessoa chega no nível de acreditar em suas próprias mentiras, se chama Pseudolalia. É um distúrbio.

Pessoas assim podem, por exemplo, pregar que são ricas, que moram numa casa enorme, com empregados, etc., quando todos à volta sabem da condição real dela. A pessoa não consegue acreditar e aceitar que as pessoas sabem da verdade. Ela mente e acredita realmente no que está contando, e assim pode viver feliz na sua fantasia. Ela se realiza na sua mentira.

Existem pessoas que passam a viver em duas realidades paralelas, necessitando serem tratadas psiquiatricamente.

Isso tudo pode acontecer com pessoas que sofreram com a pobreza na infância, que tem problemas de autoestima, ou que vivem alguma dura realidade e criam essa defesa, uma outra realidade, feliz. 

Costuma-se dizer que, quem mente acha que todos à sua volta também mentem.

Isso se deve a um comportamento natural nosso, chamado de projeção. 

Todos projetamos no outro as coisas que são nossas. Por exemplo, se eu gosto de azul, tenderei a achar que o outro também gosta, afinal é uma cor tão bonita...

Assim, é normal que a pessoa mentirosa projete que fazem o mesmo com ela.

E existe uma infinidade de outros casos, pessoas que querem chamar a atenção por carência, que querem ser aceitas, que querem impressionar, ou mesmo as que são maldosas. Pessoas que caluniam, na tentativa de parecerem melhor que o outro...
 

Estudiosos afirmam que todos mentimos, sem exceção. A diferença está na frequência, intenção, grau de culpa.

Rosangela Tavares


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Autoestima - significado e importância

Gosto muito de falar sobre o tema da autoestima, por se tratar de algo imensamente importante quando se trata do interior de cada um. 
É uma das partes mais importantes da nossa constituição interna, e é a partir da condição da nossa autoestima que se seguirá uma vida mais feliz e emocionalmente saudável.

Autoestimar = autovalorizar.
Então é simples, é o valor que você se dá.
Mas será que é a gente que se dá um valor? 
Ouvimos aqueles chavões do tipo "Se você não se der o valor, quem dará?".
Isso é verdade, em parte. Mas é um pouco teoria. Se funcionasse realmente, os livros de auto ajuda resolveriam cem por cento dos conflitos emocionais.
Na verdade a autoestima é construída. O que forma a autoestima da pessoa são as situações que ela vivencia desde muito cedo.
Imaginem uma criança que ouviu muitos: "Eita menino burro, tá parecendo seu pai", "Você vai à escola pra que?", "Esse menino não faz nada que preste, só me dá trabalho".
E agora imaginem outra criança, outra situação: "Muito bem, filho, é assim que se aprende, daqui a pouco você vai estar fera nisso!", "Esse é meu filhão, não desiste. Esse menino vale ouro!", "Você é tão caprichoso, vamos lá, vamos arrumar essa bagunça, eu te ajudo".
Acho que nem é preciso muita explicação para se prever qual criança construirá uma autoestima boa e qual poderá ter dificuldades no futuro. E repare que são coisas do dia a dia.
Quando a gente é criança, o que os pais falam é verdade absoluta. Não temos condições para questionar.
E aí, curiosamente, vemos por aí adultos que por mais que se graduem, montem seu negócio, planejem sua vida, não progridem. Por que será?
É a verdade aprendida que diz o contrário lá no inconsciente. Como um menino burro, que não presta para nada, vai ser bem sucedido?
E existem inúmeras outras situações que poderão contribuir para uma baixa autoestima. O bullying, por exemplo, que em geral aponta para alguma característica física da vítima. E tem as situações condicionais, em algumas fases da vida. Estar fora do peso, estar sem dinheiro, sem emprego.
Outra situação marcante na infância é a falta de recursos financeiros explicada como inferioridade. Já vi crianças pobres vivendo muito felizes, num ambiente em que não se pregava a pobreza, nem a falta, nem a tristeza.
Já vi casos de pessoas que tiveram pais carinhosos, mas humildes o suficiente para não saberem que os filhos precisavam de apontamentos positivos, de elogios, de quem nomeasse os sentimentos para eles.
Toda a pessoa se desenvolve a partir do olhar dos pais, que vão apontar por exemplo: "O João é caprichoso, adora desenhar", "A Maria é nervosa, mas é amorosa", "O Pedro é organizado, o quarto dele é todo arrumado", e assim por diante.
Algumas pessoas podem não viver isso adequadamente, e depois poderão ficar com a sensação de "Como eu sou?" ou "No que eu sou bom?". Fica faltando um pedaço na sua constituição interna.
Quem viveu situações assim desfavoráveis, poderá se tornar um adulto inseguro, angustiado, infeliz. E não necessariamente estará consciente das causas de sua insatisfação e infelicidade na vida. Poderá chamar de azar. Mas as atitudes responderão pelo inconsciente, é regra.
Auto estima bem formada é uma das coisas mais importantes na vida. É o que dá segurança, confiança, felicidade, coragem.

Mas felizmente, apesar dessa constituição interna negativa, existe a possibilidade da pessoa se tratar, rever o que viveu, e resignificar as coisas, para poder se libertar das velhas crenças e ser feliz.

Rosangela Tavares


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