E o luto é exatamente isso, é o processo por qual passamos após uma perda.
Fazer
o luto, viver o luto, elaborar o luto, é uma coisa muito, mas muito importante
para o emocional de cada um.
O
luto não elaborado, ou mal elaborado pode trazer no futuro os mais
diversos desequilíbrios, físicos ou emocionais, incluindo depressão, crise de
angústia, pânico, problemas cardíacos, obesidade...Acontece que tudo o que possuímos ocupa um lugar, menos ou mais significativo, no nosso emocional. É como se fosse um espaço físico mesmo.
Por exemplo, a pessoa da nossa mãe ocupa uma posição dentro de nós, com um nível de importância, o nosso emprego a mesma coisa, o nosso automóvel também, mesmo sendo algo material.
De acordo com esse valor emocional, o luto se fará menos ou mais difícil.
Então, fazer o luto é trabalhar e superar uma perda.
Quando se perde uma pessoa para a morte física, a ordem das coisas é mais ou menos assim: primeiro vem o choque pela realidade. A pessoa muitas vezes não se dá muito conta do que aconteceu, por defesa. É como se diz popularmente: "a ficha ainda não caiu".
Com
o passar dos dias a falta da pessoa perdida vai se fazendo mais real, e quem
está de luto vive isso sem alternativa.
A
cada dia que passa, inevitavelmente vai repassar todas as lembranças, vai olhar
para cada foto, cada objeto e relembrar momentos, vai chorar muito,
extravasando a tristeza pela situação sem volta.
Mas
por mais duro que seja, esse é o caminho mais saudável, psicologicamente
falando.
A
cada vez que se relembra um momento, primeiro vem o prazer na lembrança, e
em seguida vem a certeza de que aquele momento nunca mais existirá. E aí vem
mais choro, mais esvaziamento.
Isso
é elaborar o luto, repassar imagem por imagem, situação por situação, e aos
poucos ir se convencendo da realidade, que mostra que acabou para sempre.
Algum
tempo depois, as lembranças que vêm, já não trarão mais a mesma intensidade de
emoção. É como se a pessoa fosse esgotando a energia emocional ligada à pessoa
perdida.
Quando
se atinge o nível de lembrar da perda e sentir mais saudades do que tristeza e
desespero, é porque o processo do luto está passando. Se poderá até conseguir
sorrir ao lembrar das coisas boas passadas. No final de tudo restará uma
tristeza amena, e saudade.
Mas
como esse processo é realmente muito doloroso, muitas vezes usa-se de
mecanismos de defesa, não se permitindo entrar em contato com a realidade como
deveria. E isso, psiquicamente, pode ser um problema.
Porque
toda a energia emocional que se precisaria esgotar, fica reprimida, guardada na
sua intensidade embaixo da negação, e poderá surgir no futuro em forma
de outros sintomas, muitas vezes mais impactantes do que o próprio luto.
Por
isso os psicólogos falam tanto da importância de se entrar em contato com a
experiência. Inclusive as crianças, que sob condução adequada, não devem ser
poupadas, como se costuma achar.
Algumas
pessoas ficam fixadas no passado, sem aceitar que já acabou, ficam paralisadas
na vida, paradas no tempo. Isso pode se dar com a perda de dinheiro, posição
profissional, relacionamento ou até à perda de uma fase (mudou de cidade, a
faculdade acabou, o bebê cresceu, a viagem terminou, o filho casou...). Nesse
caso pode surgir até uma depressão.
Elaborar
o luto é aceitar profundamente que algo não voltará, e isso não significa que o
que acabou não tem mais importância, mas que ficará numa boa lembrança, e
naturalmente se conseguirá olhar para as outras coisas boas da vida e seguir em
frente.
Não
é fácil, mas é uma superação possível.
Rosangela Tavares
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Rosangela Tavares
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Muito valida!
ResponderExcluirÓtimo tema...
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