A mentira é uma coisa muito curiosa.
Aliás, o nosso psíquico é a coisa mais
interessante do mundo, tamanha a riqueza de processos.
É tão fascinante pensar que na nossa
"cabeça" vivemos uma realidade, e que podemos fazer muitas coisas com
o que está dentro dela.
Podemos, por exemplo, ao toque de nosso
desejo, reassistir a todo o nosso passado, como se fosse a um filme, que só se
passa dentro da nossa mente, e que ninguém mais pode assistir, você pode no
máximo descrever para outra pessoa. E você escolhe inclusive o que quer rever,
escolhe por data, por lugar, por fase, por pessoas... fica até engraçado pensar
dessa forma. É mágico demais.
Uma das coisas que podemos usar, é o
mecanismo de mentir.
Mentir é criar uma situação irreal e
utilizar-se dela para algum fim. Desde muito cedo se descobre que esse
mecanismo existe. As crianças mentem.
Basicamente a mentira funciona como defesa.
A pessoa muda uma realidade e usa a nova versão para não sofrer as penas que a
situação real provavelmente traria.
Uma criança pode mentir sobre a nota baixa
porque prevê o castigo que receberá dos pais. É legítima defesa. Mas pode ter
consequências quando a falsa versão perder a validade.
E os adultos? Como se utilizam da mentira?
Como defesa também. Pode ser para não ter
que passar por uma situação constrangedora socialmente, dizendo que o corte de
cabelo do outro ficou bom, ou dizer ao chefe que chegou atrasado por causa do
trânsito.
Pode ser para esconder uma atitude
"errada" tomada em relação a outra pessoa, evitando que o outro se
decepcione, fique bravo, não perdoe, deixe de gostar de você, deixe de
amá-lo...
Sim, o motivo mais profundo da mentira é o
medo de perder o amor do outro.
Se o outro descobrir o que a pessoa fez, vai ficar chateado, bravo, magoado, decepcionado e...não vai mais gostar dela, não vai mais considerá-la, amá-la. Essa é a consequência final e dura.
Se o outro descobrir o que a pessoa fez, vai ficar chateado, bravo, magoado, decepcionado e...não vai mais gostar dela, não vai mais considerá-la, amá-la. Essa é a consequência final e dura.
E assim é, com qualquer tipo de relação,
seja amizade, família, marido e esposa, colegas... Até mesmo perder o cliente
pode significar não ser mais querido, deixar de significar algo bom para o
outro, deixar de ser importante para o outro. Então a mentira resguarda. Mas
corre-se um risco!
Ser querido e amado preenche a nossa
autoestima, significa ter importância, ser considerado no mundo, significa
existir.
Não ser amado significa ser rejeitado,
ficar sozinho, que é contra a nossa natureza.
Mentiras pequenas são usadas para evitar
pequenos conflitos. Mas, e aquelas pessoas que mentem o tempo todo, e mentem
tanto, que as pessoas à volta já não dão a menor credibilidade, dão apelidos, e
mesmo assim a pessoa parece achar que todos estão acreditando?
Esse comportamento exagerado tem um nome:
Mitomania. Mas a pessoa sabe que está mentindo. É um vício, ela mente por
mentir.
Quando a pessoa chega no nível de acreditar
em suas próprias mentiras, se chama Pseudolalia. É um distúrbio.
Pessoas assim podem, por exemplo, pregar
que são ricas, que moram numa casa enorme, com empregados, etc., quando todos à
volta sabem da condição real dela. A pessoa não consegue acreditar e aceitar
que as pessoas sabem da verdade. Ela mente e acredita realmente no que está
contando, e assim pode viver feliz na sua fantasia. Ela se realiza na sua
mentira.
Existem pessoas que passam a viver em duas
realidades paralelas, necessitando serem tratadas psiquiatricamente.
Isso tudo pode acontecer com pessoas que
sofreram com a pobreza na infância, que tem problemas de autoestima, ou que
vivem alguma dura realidade e criam essa defesa, uma outra realidade, feliz.
Costuma-se dizer que, quem mente acha que
todos à sua volta também mentem.
Isso se deve a um comportamento natural
nosso, chamado de projeção.
Todos projetamos no outro as coisas que são nossas. Por exemplo, se eu gosto de azul, tenderei a achar que o outro também gosta, afinal é uma cor tão bonita...
Todos projetamos no outro as coisas que são nossas. Por exemplo, se eu gosto de azul, tenderei a achar que o outro também gosta, afinal é uma cor tão bonita...
Assim, é normal que a pessoa mentirosa
projete que fazem o mesmo com ela.
E existe uma infinidade de outros casos,
pessoas que querem chamar a atenção por carência, que querem ser aceitas, que
querem impressionar, ou mesmo as que são maldosas. Pessoas que caluniam, na
tentativa de parecerem melhor que o outro...
Estudiosos afirmam que todos mentimos, sem exceção. A diferença está na frequência, intenção, grau de culpa.
Rosangela Tavares
Estudiosos afirmam que todos mentimos, sem exceção. A diferença está na frequência, intenção, grau de culpa.
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