quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ressignificar


Ressiginificar pode ser de extrema importância para a nossa saúde como um todo.
Tentei deixar este texto o menos técnico possível, para não ficar cansativo, espero que gostem.


Ressignificar é dar um novo significado para algo, ou seja, substituir o significado de alguma coisa.

Toda a vez que temos contato pela primeira vez com algo novo, criamos para aquilo uma representação em nossa mente, e assim, mesmo quando não estivermos “frente” àquilo, poderemos acessar a representação.

Isso pode ser para um objeto material, uma música, uma emoção, um tipo de dor, um cheiro, ou para coisas maiores, como uma fase da vida, uma história.

É como se fosse um símbolo que criamos, pessoal, interno, para o arquivamento daquele elemento dentro do nosso mental.

Por exemplo, se alguém lhe perguntar de qual cor você mais gosta, você imediatamente acessará seu arquivo interno, achará a representação, e a traduzirá para quem perguntou.

Desde bebês, dia a dia vamos formando as nossas representações para tudo o que vivemos. É complexo, mas lindo.

Então, cada momento do dia, do ano, da vida, é registrado, catalogado, guardado.

Ter acesso a tudo ao mesmo tempo não seria saudável ou possível, por isso fica “guardado num compartimento”.

O mesmo acontece para as experiências pelas quais passamos. Cada uma delas fica automaticamente gravada, representada, e isso é involuntário.

E tudo o que é guardado, tem também uma impressão para nós, algo que tem mais a ver com sensação, emoção, que pode ser negativa, positiva ou neutra.

Toda a vez que recordamos uma vivência, a representação será acessada pela lembrança, e trará junto com ela a emoção que a acompanhou quando aconteceu.

E isso é uma coisa muito importante quando pensamos, por exemplo, em alguém que sofreu algo traumático e doloroso. O tratamento mais essencial pode ser pela via da elaboração e ressignificação.

Mas como funciona isso?

Muitos de nós já deve ter passado pela experiência de não gostar de algo, como um prato, de uma música, um lugar, e anos depois, por algum motivo isso muda, e passamos a gostar, ou seja, abandonamos a velha impressão sobre aquilo e criamos uma nova, desta vez positiva. Isso é ressignificar.

Me lembro de ter assistido a um filme, em que uma pessoa cega de nascença, passava a enxergar. E foi um choque tremendo, foi sofrido quando ela enxergou uma latinha de refrigerante vermelha.
E por que foi assim, e não uma felicidade?

Porque ela não tinha se dado conta de que desde que nasceu, tinha criado suas representações de uma forma diferente de quem enxergava, ela não sabia visualmente o que era uma cor, por exemplo.

E percebeu a dificuldade que teria dali em diante, para reconstruir seus registros sobre tudo na vida. Talvez fosse menos sofrido voltar para seu mundo antigo, já estruturado, da cegueira. 

Ressignificar é refazer, recriar, “re-registrar”. E pode ser uma capacidade riquíssima de cada um.

Se pensarmos que somos capazes disso, podemos achar uma porta, uma oportunidade muito positiva de escolhermos coisas que queremos ressignificar e transformar, e trabalhar para isso, sozinhos se possível, ou com ajuda, porque muitas vezes trocar o velho pelo novo pode fazer toda a diferença para a nossa felicidade.


Rosangela Tavares





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