sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Somatização

É comum a gente ouvir algo do tipo: “Acho que você está somatizando”, quando se quer dizer que alguém está passando mal fisicamente por andar nervoso, cansado, raivoso, estressado.

E a somatização é exatamente isso: viver no corpo algo emocional de que não estamos dando conta.

Soma significa corpo.

Por isso chamamos também de psicossomatização, ou seja, o nosso mental (psique) atingindo o nosso corpo (soma).

Mas como é esse processo?

Nós funcionamos com uma estrutura que tem tudo para ser perfeita.

E uma das funções do nosso sistema psicológico é nos defender de “ataques”.

Qualquer situação que for vivida como estressante, como se estivéssemos sendo atacados (a pressão no trabalho, um problema familiar, uma perda grande, etc.), faz com que nosso psicológico reaja imediatamente de alguma forma, nos protegendo de passar mal.

Porém, quando alguém vive algo negativo com muita intensidade ou por tempo prolongado e constante, pode acontecer dessa carga não ter vazão, não poder ser dissipada.

E o resultado aparece na forma de doenças, dores não justificadas em exames médicos, desequilíbrios.

Quando alguém passa por uma situação altamente perigosa, como por exemplo um sequestro, o seu psicológico pode reagir tão defensivamente, que pode criar uma impressão positiva sobre a situação.

Já vi pessoas que passaram por isso dizerem que na verdade foi tudo bem, que os bandidos “eram bonzinhos”, que as trataram bem.

Mas isso não significa que a vítima ficará bem, pelo contrário, o temor foi fortemente reprimido, poderá ressurgir de algum jeito, em algum momento, mesmo que demore meses, até anos.

Quando uma vivência ou processo negativo não pode ser trabalhado, acontece como que um acúmulo de energia, que pode “explodir” de alguma forma no organismo, atingindo cada um de uma forma particular, onde a pessoa tiver uma fragilidade genética, um órgão ou sistema simbolicamente relacionado com a experiência.

Quem já não acompanhou um colega ou a si mesmo com dor de estômago depois de uma situação que não conseguiu “digerir”?

Ou então uma dor de garganta por ter tido que ficar calado num momento onde a vontade era “falar um monte”?

E não há regras.

Alguém que passa por situações que não consegue “engolir”, pode acabar produzindo uma gastrite.

A LER (lesão por esforço repetitivo) pode estar relacionada à insatisfação com a atividade.

As inflamações podem estar relacionadas à raiva.

A obesidade pode estar ligada a um luto mal resolvido, excesso de defesa, acúmulos.

Até a Síndrome do Pânico, num primeiro momento é analisada como repressão de grande estresse.

São apenas exemplos, já que se trata de questões muito subjetivas do nosso funcionamento.

De qualquer forma, vale lembrar que, tudo o que é falado, expressado, pode ajudar na liberação das tensões.

Entrar em contato com as dificuldades é mais saudável do que se defender, fingindo que não está sendo atingido.

E buscar um tratamento mais cedo é uma atitude inteligente, antes que uma doença se instale, e tenha que receber intervenções, às vezes invasivas e radicais.




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