É comum a gente ouvir algo do tipo:
“Acho que você está somatizando”, quando se quer dizer que alguém está passando
mal fisicamente por andar nervoso, cansado, raivoso, estressado.
E a somatização é exatamente isso:
viver no corpo algo emocional de que não estamos dando conta.
Soma significa corpo.
Por isso chamamos também de
psicossomatização, ou seja, o nosso mental (psique) atingindo o nosso corpo
(soma).
Mas como é esse processo?
Nós funcionamos com uma estrutura
que tem tudo para ser perfeita.
E uma das funções do nosso sistema
psicológico é nos defender de “ataques”.
Qualquer situação que for vivida
como estressante, como se estivéssemos sendo atacados (a pressão no trabalho,
um problema familiar, uma perda grande, etc.), faz com que nosso psicológico
reaja imediatamente de alguma forma, nos protegendo de passar mal.
Porém, quando alguém vive algo
negativo com muita intensidade ou por tempo prolongado e constante, pode
acontecer dessa carga não ter vazão, não poder ser dissipada.
E o resultado aparece na forma de
doenças, dores não justificadas em exames médicos, desequilíbrios.
Quando alguém passa por uma
situação altamente perigosa, como por exemplo um sequestro, o seu psicológico
pode reagir tão defensivamente, que pode criar uma impressão positiva sobre a
situação.
Já vi pessoas que passaram por isso
dizerem que na verdade foi tudo bem, que os bandidos “eram bonzinhos”, que as
trataram bem.
Mas isso não significa que a vítima
ficará bem, pelo contrário, o temor foi fortemente reprimido, poderá ressurgir
de algum jeito, em algum momento, mesmo que demore meses, até anos.
Quando uma vivência ou processo
negativo não pode ser trabalhado, acontece como que um acúmulo de energia, que
pode “explodir” de alguma forma no organismo, atingindo cada um de uma forma
particular, onde a pessoa tiver uma fragilidade genética, um órgão ou sistema
simbolicamente relacionado com a experiência.
Quem já não acompanhou um colega ou
a si mesmo com dor de estômago depois de uma situação que não conseguiu “digerir”?
Ou então uma dor de garganta por
ter tido que ficar calado num momento onde a vontade era “falar um monte”?
E não há regras.
Alguém que passa por situações que
não consegue “engolir”, pode acabar produzindo uma gastrite.
A LER (lesão por esforço
repetitivo) pode estar relacionada à insatisfação com a atividade.
As inflamações podem estar
relacionadas à raiva.
A obesidade pode estar ligada a um
luto mal resolvido, excesso de defesa, acúmulos.
Até a Síndrome do Pânico, num
primeiro momento é analisada como repressão de grande estresse.
São apenas exemplos, já que se
trata de questões muito subjetivas do nosso funcionamento.
De qualquer forma, vale lembrar
que, tudo o que é falado, expressado, pode ajudar na liberação das tensões.
Entrar em contato com as
dificuldades é mais saudável do que se defender, fingindo que não está sendo
atingido.
E buscar um tratamento mais cedo é
uma atitude inteligente, antes que uma doença se instale, e tenha que receber
intervenções, às vezes invasivas e radicais.
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