sábado, 28 de fevereiro de 2015

Medos irracionais


Você já parou para imaginar o seu mundo sem medos?

Imagine que você poderia saltar de paraquedas e se divertir demais.

Ou então dormiria tranquilo todas as noites para poder descansar melhor e dar conta da organização necessária para acertar seu orçamento.

Ou chegaria sem nenhum receio para o seu chefe, batendo um papo amigável, explicando que precisa ganhar mais.

Nós vivemos sempre em meio a muitos medos, e nem nos damos conta do quanto.

Eu costumo chamar alguns medos, de medos irracionais.

É muito interessante pensar nos primeiros medos da nossa vida.

Quando uma criança tem medo de algo, ela imediatamente grita a mãe.

Se ela viu ou ouviu alguma coisa que lhe causou temor, não tem recursos internos para lidar com aquilo. Ela é tomada pelo medo.

Então a mãe vem, a afaga, e depois que ela se acalma, a mãe nomeia para ela o que aconteceu: “Calma, foi só um avião que passou. Ele não faz nada de mais, é só um barulho. Não precisa ter medo, quando ele passar de novo, você pode tapar os seus ouvidos e logo ele vai embora, está bem?”.

A mãe esclarece, ajuda a criança a construir sua segurança interna, mostrando os recursos que ela pode usar.

Pensando em nós, adultos, muitas vezes tendemos a agir da mesma forma, apavorados diante dos problemas, como uma criança sem ferramentas.

Tememos uma situação, sofremos por ela, e não paramos para nos perguntarmos qual é realmente a causa para tanta tormenta.

Ficamos paralisados, perturbados sem conseguir prosseguir, resolver. O medo fica maior que a razão.

Mas a diferença é que como adultos mais experientes já temos condições para analisar as coisas, precisamos apenas nos manter centrados, no melhor equilíbrio que conseguirmos, e podemos aprender a prestar mais atenção em tudo o que nos causa medo.

Pergunte-se sempre sobre o seu medo diante de alguma situação. Analise se ele é realmente do tamanho que precisa ser.

Se pergunte qual a pior consequência que a situação em questão pode trazer, se o medo não está desproporcional, se não tem a ver com uma situação do passado, quando você realmente não tinha condições de enfrentar sozinho, na impotência da infância.

Veja se não está exagerando pela fantasia, porque os medos podem sim, crescer na fantasia, então sofremos pela fantasia horrorosa de um fim de mundo, quando o mundo não vai acabar.

Em algum momento da vida podemos ficar realmente perdidos num mar de medos, precisando de ajuda profissional para resgatar nosso controle.

No mais, nós podemos nos esforçar para racionalizar os medos, pensar melhor, esclarecer as razões do desespero e nos acalmarmos, enxergando melhor a situação, dando-lhes o peso devido.

Tudo na nossa vida passa primeiro pelo nosso emocional.

Identificando, nós podemos interferir.

Muitas vezes precisamos resolver primeiro dentro, para depois darmos conta fora.

Rosangela Tavares






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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Seu amarelo é igual ao meu?


Como você imagina uma pessoa que ainda não conhece?

Ou então o sabor de um prato que ainda vai experimentar?

E as outras pessoas? Será que elas imaginam igual a gente?

Representar elementos é um mecanismo essencial para nossa vida como um todo, começando pelo nosso mental.

É algo que acontece automaticamente, não precisamos nos preocupar.

As representações começam a ser gravadas desde que nascemos e começamos a ter condições para isso.

O bebê olha para a mãe e quando já consegue “gravar” que essa mãe existe, é porque ele já conseguiu montar uma representação sobre ela dentro de seu mental.

Nossas representações são muito interessantes.

Se alguém lhe disser “pense agora em uma estrela amarela”, provavelmente você imaginará a forma e a cor de uma estrela amarela, assim como vemos num desenho, pois você num dado momento foi apresentado à figura de uma estrela amarela e gravou isso em seus arquivos, para identificar toda a vez que vir uma estrela amarela.

Mas e se alguém lhe disser “pense na emoção da tristeza”, como é a representação que você criou em sua mente para buscar tristeza?

Ou então, como é a representação que você criou para uma fragrância?

E para um tipo de som? Como você imagina um certo som?

E o vento? Como você imagina o vento, dentro da sua cabeça?

Se ouvirmos sobre algo que ainda não conhecemos, ainda não teremos uma representação formada para aquilo, então tenderemos a buscar uma representação que pareça ter a ver com aquilo, por exemplo, você já viu uma fruta pão? Se não, provavelmente imaginará a imagem de um pão, já conhecida.

Se você tiver que representar algo muito amplo, talvez o faça através da imagem da palavra, por exemplo, como é sua representação para Vida

Talvez você imagine mesmo a palavra vida, porque é amplo demais para representar, é subjetivo. Ou não. 

Cada um vai criar muito particularmente suas representações, seus símbolos.

E o mais interessante e curioso é tentar imaginar como devem ser as representações criadas dentro de cada um, para tantas coisas que encontramos na vida. Você pode estar conversando com um amigo sobre a mesma coisa, mas cada um estará imaginando um símbolo diferente.

Nunca teremos como saber, por exemplo, como o amigo representa aquela música que vocês adoram.

Sem as representações, registros devidamente definidos, seria impossível mantermos uma estrutura mental saudável, até mesmo de raciocínio, não poderíamos sobreviver assim.

O nosso interior é de uma riqueza muito grande, de memórias, impressões, associações, processos quase impecáveis.

Somos de um infinito perfeito, uma máquina complexa, com funcionamentos automáticos espetaculares.

Conhecer mais sobre ela sempre será uma forma de podermos aproveitar mais de todos os recursos que ela pode nos oferecer, e isso ao toque do botão do pensamento!

Rosangela Tavares





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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Como encarar as dificuldades


Algumas pessoas chamam os processos da vida de provações, obstáculos, azar, dificuldades.

Talvez elas os chamem assim devido ao sofrimento que os acompanha. Ou então foi a forma como aprenderam que a vida é.

Processos são ciclos, com início, meio, fim; Mesmo que o fim signifique a morte, pois não há regras para o tempo dos processos.

Nossa infância é um processo, nossa adolescência, a vida adulta.

Cada namoro é um processo, cada amizade, cada casamento.

Cada emprego, cada doença, cada luto.

Mas algo essencial a se aprender são as formas que temos para encarar os processos.

Porque para a maioria das pessoas, ou está tudo bem, ou não. Se há um processo difícil em andamento, então se está “mais ou menos”, ou se está mal, mesmo.

Os processos da vida são inevitáveis, todos passaremos por eles, em todas as idades, sem exceção.

Quanto mais rápido aprendermos a nos acalmar para poder aceitar que é apenas mais um processo, que precisamos nos ater ao aprendizado que aquilo vai trazer, mais chances teremos de aprender mais, crescer mais, sofrendo menos, sofrendo o mínimo.

Algumas coisas, como as perdas para a morte, não nos dão muita escolha sobre como agir, mas podemos aprender o processo do luto adequado, abreviando o nosso sofrimento, elaborando a perda, aceitando aos poucos, alcançando depois de algum tempo uma dor menor, quem sabe só a saudade.

Para outros processos difíceis podemos aprender a ter o olhar de que é apenas mais um processo da vida, com direito a ter fim, porque por muitas vezes não teremos como impedir do outro fazer uma escolha e partir, e isso não acaba com a nossa vida, apenas nos muda de lugar, nos forçando a sofrer com apego, ou... enxergar como um processo que acabou porque chegou a hora, porque não haveria mais troca, porque chegou o momento do outro seguir um caminho que sempre foi só dele, pois no fundo somos sozinhos, e  nunca seremos saudavelmente grudados numa relação.

E os processos não são difíceis apenas em seus finais. Como muitas pessoas que concebem filhos especiais, que requererão cuidados até o fim de suas vidas.

Elas poderão escolher o caminho do fazer por amor, ou lamentar uma vida toda, sem conseguir enxergar que a experiência é apenas um processo dentro de tantas coisas boas que se tem para fazer na vida. O que parece um fardo pode ser a fonte de um aprendizado de amor infinito, de grandeza e transformação.

Quanto mais resistimos, mais os processos se prolongam, se repetem, em nome da rigidez, do medo da mudança, do nosso egoísmo.

Não existe processo só com lado negativo, nosso olhar é que dará a direção.

Os processos podem ser apenas lições, não castigos, nem punição.

Sempre poderemos escolher como enxergá-los.

Não temos como fugir dos processos da vida, mas temos como estar cada vez mais atentos, para aprender a olhá-los do melhor jeito, objetivamente até, aproveitando os ensinamentos que nos trazem, respirando mesmo em meio às ondas, conseguindo olhar o sol enquanto batalhamos mais um processo natural.


Rosangela Tavares