Todos nós em algum momento acabamos por falar uma palavra
quando queríamos dizer outra. Ou então chamamos alguém pelo nome de outra
pessoa.
Às vezes as pessoas brincam dizendo: “Olha o ato falho...”.
É que o ato falho tem a ver com desejo, com querer algo de
verdade, com estar com alguma vontade.
O ato falho é o impulso da vontade real, que sai em forma de
atitude. É quando a pessoa atua pelo inconsciente.
Um ato falho nunca é falso.
Ele pode estar, por exemplo, na situação onde eu confundo os
dias da semana e acho que hoje já é sexta, quando ainda é quinta.
É porque a vontade verdadeira está em querer que seja sexta.
O ato falho também pode estar em atitudes de esquecimento.
Se eu penso: “Não
posso esquecer de levar aquela pasta para o trabalho” e acabo esquecendo, é
muito provável que em algum ponto do meu desejo isso não era tão urgente assim,
ou então em algum nível eu fiquei entre levar mesmo ou não levar, ou levar
outro dia.
Enfim, quando o desejo é cem por cento legítimo, nós não
falhamos.
Sendo assim, poderíamos dizer que o ato falho na verdade é
um ato verdadeiro (fica até engraçado, mas é isso mesmo).
A velha brincadeira de chamar o companheiro por outro nome
na intimidade é realmente válida. Se o ato falho começa a acontecer, é porque
tem desejo envolvido, mesmo que seja fantasia, mas fantasia também é desejo.
Nós podemos inclusive cometer erros na escrita.
Me lembro de uma pessoa me contar uma vez, que estava com
certa raiva do marido, e ao lhe escrever um e-mail ela digitou “Mau amor”, ao
invés de “Meu amor”. Isto também pode significar um ato falho.
Toda a vez que você chamar um amigo por nome de outro amigo,
pense e reflita se realmente você não estava querendo que o outro amigo
estivesse presente naquele momento.
Ato falho é falhar inconscientemente, deixando vir à tona o
que ansiamos verdadeiramente.
Rosangela Tavares
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