Existe um comportamento, um funcionamento involuntário e
inconsciente chamado Regressão. É quando por algum motivo regredimos
emocionalmente.
É um mecanismo interno nosso, que se refere a voltar a
estágios anteriores no nosso desenvolvimento emocional.
As crianças podem regredir quando nasce um irmãozinho. Elas
podem se ressentir pela ausência da mãe, e pelo medo de não serem mais queridas
como antes, e tendem a apresentar comportamento de bebê, voltando a pedir a
mamadeira, a falar errado.
Isso significa que diante de uma dificuldade, houve uma
regressão.
E isso pode acontecer para os adultos também.
Muitas vezes é num nível em que a pessoa não percebe
claramente, a não ser que se conheça mais profundamente, que preste atenção
para identificar.
Diante de um golpe duro na vida, uma separação, um desafio
que oferece medo, alguém pode ser acometido por uma sensação de impotência,
desânimo, e às vezes chega mesmo a dizer: “Precisava
de um colo nesse momento”.
E não é à toa que se refira ao colo.
É comum ouvirmos: “Não
tenho vontade nem de sair da cama”, como se se quisesse ficar embrulhado,
escondido, protegido do mundo lá fora.
Quando alguém se acha em grande sofrimento, pode se colocar
literalmente na posição fetal, abraçando os joelhos, se encolhendo, querendo no
fundo, voltar para o útero, lugar mais “perfeito”, onde não existe esforço, e o
afago é por inteiro, a proteção é total, a tranquilidade é absoluta.
Diante das dores emoções antigas podem voltar, inclusive
lembranças, memórias de outras fases da vida, primitivas.
É o nosso interior, desejando fugir da dor, da angústia.
Desejando que alguém pudesse agir como uma mãe faria, resguardando, defendendo,
resolvendo por nós.
Todo esse processo pode acontecer em situações mais difíceis
da vida. Caso a pessoa passe a se sentir assim frequentemente, até mesmo diante
de coisas corriqueiras, então seria adequado uma intervenção, um tratamento
psicoterápico ou outro, já que pode ser um sinal de que registros de alguma
vivência traumática, não resolvida, esteja refletindo no agora, de forma que
pode chegar a atrapalhar o dia a dia, o desenvolvimento pessoal.
Há pessoas que chegam ao ponto de não conseguirem mais
prosseguir sozinhas, como se não tivessem mais forças para lidar com o “mundo
adulto”, entram num estado mais depressivo, e pode ser um quadro sério se não
for tratado.
Querer a mãe em momentos da vida, e relembrar como era bom o
seu colo, é natural.
O que não pode ser saudável é querer literalmente fugir do
mundo, da vida, como se não tivesse recursos desenvolvidos para lidar. Então é
bom procurar ajuda.
Rosangela Tavares
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