sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Ato falho


Todos nós em algum momento acabamos por falar uma palavra quando queríamos dizer outra. Ou então chamamos alguém pelo nome de outra pessoa.

Às vezes as pessoas brincam dizendo: “Olha o ato falho...”.

É que o ato falho tem a ver com desejo, com querer algo de verdade, com estar com alguma vontade.

O ato falho é o impulso da vontade real, que sai em forma de atitude. É quando a pessoa atua pelo inconsciente.

Um ato falho nunca é falso.

Ele pode estar, por exemplo, na situação onde eu confundo os dias da semana e acho que hoje já é sexta, quando ainda é quinta.

É porque a vontade verdadeira está em querer que seja sexta.

O ato falho também pode estar em atitudes de esquecimento.

Se eu penso: “Não posso esquecer de levar aquela pasta para o trabalho” e acabo esquecendo, é muito provável que em algum ponto do meu desejo isso não era tão urgente assim, ou então em algum nível eu fiquei entre levar mesmo ou não levar, ou levar outro dia.

Enfim, quando o desejo é cem por cento legítimo, nós não falhamos.
Sendo assim, poderíamos dizer que o ato falho na verdade é um ato verdadeiro (fica até engraçado, mas é isso mesmo).

A velha brincadeira de chamar o companheiro por outro nome na intimidade é realmente válida. Se o ato falho começa a acontecer, é porque tem desejo envolvido, mesmo que seja fantasia, mas fantasia também é desejo.

Nós podemos inclusive cometer erros na escrita.

Me lembro de uma pessoa me contar uma vez, que estava com certa raiva do marido, e ao lhe escrever um e-mail ela digitou “Mau amor”, ao invés de “Meu amor”. Isto também pode significar um ato falho.

Toda a vez que você chamar um amigo por nome de outro amigo, pense e reflita se realmente você não estava querendo que o outro amigo estivesse presente naquele momento.

Ato falho é falhar inconscientemente, deixando vir à tona o que ansiamos verdadeiramente.


Rosangela Tavares


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Como trabalhar as crenças inconscientes que te prejudicam


Crenças são teorias que criamos a partir de experiências da nossa vida.

Elas podem se formar até mesmo por algo que não vivenciamos, mas que tenhamos assistido, e que tenha vindo de encontro com algo que já pensamos.

Sem querer, os nossos pais passam muitas crenças para nós.

As crenças positivas refletirão “para sempre” em nosso interior, como quando nossos pais afirmam que somos bons em alguma coisa. Passamos então a acreditar naquilo, e a realizamos sem problemas.

Da mesma forma funcionarão as crenças negativas. Se nossos pais ficarem repetindo que somos muito tímidos, ou incapazes, poderemos seguir tais afirmações por anos e anos, acreditando nisso como uma verdade.

É essencial termos ciência das nossas crenças internas, porque é a partir delas que desenvolvemos outras crenças, e é a partir das nossas crenças que fazemos a nossa realidade.

Se eu gosto muito de dirigir e dirijo bem, provavelmente acredito nisso, criei uma crença de que sou bom nisso, e serei elogiado, e continuarei dirigindo muito bem.

Se você é bom em alguma coisa, provavelmente você tenha conseguido criar uma crença sobre isso, de forma que é tão crente nisso, que não questiona, não conflita, apenas realiza muito bem, sem medo, sem erros, e assim realmente se mantém muito bom nisso.

Da mesma forma que alguém vive uma má experiência e cria uma crença de que tem medo daquilo, que não é bom, que nem tentará mais.

Quando nós criamos uma crença ruim sobre alguma coisa, tendemos a olhar aquele tipo de situação sempre de forma negativa. E toda a vez que algo der errado e tiver a ver com aquilo, diremos a nós mesmos: “Viu? Não disse? Eu já sabia, tenho azar nisso, não adianta”.

Temos que aprender que as crenças estão apenas dentro da nossa mente. São criações nossas. Assim como as crenças positivas.

Os medos são crenças. Se as pessoas superam seus medos, provavelmente conseguiram trocar uma crença por outra, ressignificaram, e passaram a acreditar diferente.

É muito importante que nos autoconheçamos e identifiquemos as nossas crenças negativas. Assim teremos a chance de revê-las e transformá-las.

Se isto não fosse possível, não veríamos todos os dias pessoas se superando, a partir de suas vontades e trabalhos pessoais.

Crenças são teorias que passamos a focar e confirmar.

Reconhecendo-as poderemos fazer algo sobre elas.

Rosangela Tavares







quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O que é ter Empatia


As pessoas costumam confundir Empatia com Simpatia.

Então dizem, por exemplo: "Assim que nos conhecemos rolou uma empatia muito grande", ou então: "Ela passa uma empatia".

Mas empatia na verdade é a capacidade de se colocar na situação do outro, de uma forma mais emocional e próxima, e não só racionalmente.

Ser empático é ouvir sem julgamento, para poder realmente ter a compreensão do que o outro está vivendo, sentindo, querendo dizer.

Se alguém me diz por exemplo: "Meu casamento está muito difícil, já tem um bom tempo que só brigamos, está bem complicado viver assim", eu estarei sendo empático à medida que eu sinceramente sentir algo como: "puxa, realmente deve ser bem triste passar por um processo assim num casamento", e posso dizer: "eu imagino como deve estar sendo difícil para vocês, porque é muito triste quando passamos por crises em nossos relacionamentos".

E eu não estaria tendo empatia se pensasse: "não sei para que ficar reclamando do casamento, porque então não se separa?".

A diferença está em colocar ou não o seu modo pessoal de ver uma situação que não é sua, e consequentemente estar julgando o comportamento do outro baseado no seu jeito de ver as coisas.

Talvez esta pessoa esteja sofrendo muito, mas deve ter muitos motivos para lutar antes de decidir se separar.

Ser empático é saber ouvir e compreender, deixar as suas opiniões de lado e tentar sentir o mais sinceramente o que o outro está tentando passar.

Talvez ele só espere que você diga "puxa, que dífícil, você deve estar sofrendo um bocado com tudo isso".

Muitas vezes o outro só precisa ser ouvido, poder sentir que alguém entendeu o tamanho do seu sofrimento.

Por isso, ser empático também pode significar ser amigo, ser solidário, além de ser uma atitude madura. 


Rosangela Tavares






























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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Me deixe com a minha dor


Existe um princípio de funcionamento nosso, chamado Princípio do Prazer.

O Princípio do Prazer é algo que faz parte da nossa natureza, da nossa atividade central, assim como existe o nosso instinto de sobrevivência.

Desde que nos formamos, já vivemos pelo Princípio do Prazer, que consiste no impulso de buscar o prazer toda a vez que surge um desprazer, um incômodo.
O bebê chora assim que qualquer desprazer surge.

Nós buscamos acabar com desprazer a cada vez que sentimos sede, fome, saudade, dor, frio, calor, raiva...

E ao desconforto mais intenso podemos chamar de sofrimento.

Toda a vez que estamos em sofrimento, reagimos de alguma forma, seja chorando, falando, entristecendo, dormindo, nos irritando, adoecendo.

Sempre existirão os sofrimentos que poderemos tratar, amenizar, evitar, lidar de jeitos diferentes.

De qualquer forma o que mais importa na questão do sofrimento é o quanto temos capacidade para reagir positivamente, buscando saídas, ao invés de nos recolhermos, nos fecharmos, acabando por cair em depressão e angústia, ou ficarmos levando uma vida sem graça, vivendo por viver.

O que mais importa aqui, é a busca pelo prazer, por viver feliz.

Muitas vezes quem está em grande sofrimento mal consegue ter a clareza sobre qual caminho tomar, mas independente disso, em geral sempre haverá um caminho para a mudança.

Algumas pessoas se acostumam a um estado de sofreguidão, e vão seguindo, se lamentando todo o tempo, mas não fazem nenhum movimento para a mudança. E por incrível que pareça, algumas delas precisam desse sofrimento, pois é o sentido que deram para suas vidas.

Aprender a lidar com o sofrimento é algo que alcançamos quando criamos recursos internos, que são descobertos e desenvolvidos a partir do autoconhecimento.

A Psicoterapia, por exemplo, é um dos caminhos para este trabalho.

Quanto mais nos conhecermos, mais teremos condições de estar preparados para lidar com os processos da vida.

Sofrer pode ser uma escolha, mas é importante termos claro, que só depende de nós para encontrarmos o alívio. Não vale a pena escolher a dor.


Rosangela Tavares














segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Estabeleça o seu Sucesso


Num primeiro momento, Sucesso pode levar a se pensar em fama, fortuna... e é claro, felicidade.
Mas sucesso é algo muito relativo e está ligado diretamente ao grau de exigência, satisfação, objetivo de vida das pessoas.
Para começar, pare e pense se você tem claro para você mesmo o que seria ter sucesso.
O que é para você, na sua vida, alcançar o sucesso? A partir do que, você consideraria que o sucesso aconteceu para você? E até onde estaria bom?
Essa delimitação é essencial para a definição da realização de cada um.
Porque para algumas pessoas o sucesso pode estar em ser a vendedora de salgadinhos mais famosa da comunidade, ser querida, morar numa casa simples, mesmo não sobrando quase nada para guardar no final do mês.
Ou então em ser aquele professor realizado, cansado por fazer o que mais ama na vida, com entusiasmo, mesmo que isto não lhe renda rios de dinheiro.
E para você?
Muitos milionários e até bilionários podem neste momento estar doentes, estressados, vivendo com medo das oscilações da economia, alguns mesmo se questionando sobre o que é a felicidade.
Sucesso é ser o tão falado bem-sucedido, é atingir o objetivo de vida que você conseguir estabelecer para você mesmo.
Porque se não conseguir definir exatamente, corre o risco de ser um eterno insatisfeito, sempre em busca de mais, sem saber na verdade onde quer parar.
Uma das premissas para se sentir realizado e com sucesso é realizar o que gosta.
Qual é a coisa que você mais gosta ou gostaria de fazer?
Porque fazer o que ama já é estar, de alguma forma, satisfeito e contente.
E mesmo que você já tenha claro o que mais gosta para a sua vida, não conseguirá concluir que chegou ao sucesso, sem ter demarcado para você mesmo, onde se fecha tal condição.
É indispensável estabelecer um parâmetro, uma meta, um desejo, um plano.  Correr atrás de um alvo é mais fácil do que ficar correndo sem saber qual é o alvo.
Sucesso é uma condição pessoal, dentro dos limites de satisfação de cada um. 
E pode estar num jeito muito simples de ganhar a vida.

Rosangela Tavares



quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Entendendo o que é Perdoar



É conseguir elaborar todas as emoções negativas que tenham surgido a partir de uma situação que significou um ataque e que atingiu alguém em seu emocional.

Uma situação mais simples é mais fácil de ser perdoada, porque a carga de emoções negativas geradas é menor, mais fácil de diluir. Às vezes um pedido de desculpas do outro resolve a questão.

E quem perdoa, esquece, no sentido de que ao relembrar da situação, não é mais acometida pelo sentimento ruim que antes emergia.

Por isso, se alguém diz: "Eu perdoei, mas não esqueço", na verdade não perdoou.

Uma pessoa que foi traída conjugalmente é afetada em sua autoestima. Ela se sente arrasada e diminuída, na idéia de que o parceiro preferiu a outra pessoa que não a ela.

Nesta situação poderá conter sentimentos como raiva, decepção, mágoa, tristeza, humilhação, ficando mais difícil de ser perdoada, já que, quem for perdoar, terá que conseguir dissolver toda essa carga diversa de sentimentos intensos.

Algumas pessoas preferirão a vingança, na tentativa de se sentirem "dando o trôco na mesma moeda".

Quando somos atacados, é da nossa natureza que sintamos que o outro, o que atacou, tenha sido mais poderoso.

Significa que quem foi atacado, foi agredido, ferido, humilhado, anulado.
E perdoar nesse caso, pode dar a idéia de que se está aceitando o que o outro fez, lhe deixando com o poder, e essa idéia atinge a nossa autoestima.

Essa é a visão que o nosso ego tem da situação.   
 
É por isso que o perdão é pregado como uma das maiores virtudes, pois dependendo da condição, a pessoa sozinha não consegue passar a limpo, resolver, esquecer.

A raiva pode chegar a ser tão grande, que a pessoa escolhe conscientemente não esquecer, afirmando que nunca perdoará.

Perdoar é difícil, pois geralmente ficamos o tempo todo inconformados.

É importante que aprendamos que a raiva não modifica as situações vividas, mas ao contrário, faz muito mal a quem a carrega. 


O melhor caminho sempre será o da elaboração dos processos, para nossa libertação e saúde.  

Rosangela Tavares



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Aprenda a ser feliz sem Preconceito


Preconceito, ao pé da letra é “formar um conceito antecipadamente”.

Preconceito é uma reação de rejeição a algo.

Ter preconceito por alguma coisa é não aceitar a existência daquilo, que num primeiro momento seria algo que contraria o seu modo de pensar.

Existe um mecanismo psicológico nosso, chamado projeção.

Em geral nós tendemos a projetar quase que o tempo todo no outro, coisas que são nossas.

Sem querer, eu sempre vou esperar que o outro goste das mesmas coisas que eu, já que elas são tão boas!

Eu posso esperar, por exemplo, que um amigo adore a camisa amarela que comprei de presente, já que aprecio o amarelo, quando na verdade é a cor que ele mais detesta.

Então, pela projeção nós tendemos a esperar que o outro seja sempre igual a nós.

Mas o problema está quando passamos a exigir que o outro e que o mundo sigam os nossos princípios e verdades.

Quem já não ouviu algo como: “Não esperava que você gostasse disso, sempre achei que tinha ótimo gosto.”, “Como assim? Você não gosta de Rock???!!!!Como você pode não gostar de Rock???!

Preconceito tem a ver com rigidez, com exigência.

O preconceituoso espera que o outro siga o mesmo caminho que o seu, suas idéias, doutrinas, ignorando a importância da individualidade, da liberdade de cada um, da riqueza que está nas diferenças.

É como se houvesse uma tentativa de controlar o mundo.

Pessoas muitas vezes tem preconceito sobre algo que nem ao menos conhecem, deixando seu ponto de vista se basear no julgamento.

Ter preconceito é gastar energia com algo que não é seu, processos que não são seus, escolhas que não tem nada a ver com a sua vida.

Ser livre de preconceitos leva à liberdade, ao aprendizado, e consequentemente a aproveitar mais a vida!


Rosangela Tavares






segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Como é estar apaixonado - explicando a Paixão


Podemos dizer que a paixão seja um encontro emocional entre duas pessoas.

É o momento onde ocorre uma grande identificação entre elas.

Mesmo inconscientemente, é como se as duas conseguissem captar uma na outra o mesmo nível de busca, desejo, de momento interno, de apreciação pela forma física da outra, pelo jeito do outro.

Nunca iremos nos apaixonar por alguém que seja muito diferente de nós. Em algum nível sempre haverá grande identificação.

Se fôssemos representar a paixão por uma imagem, talvez fosse como num desenho animado, em que os dois se olham, e um coração surge nos olhos de cada um, mesmo que isso leve algum tempo para acontecer.

Paixão é um encantamento.

E daí em diante a paixão passa a ser um exercício para elevar a autoestima um do outro, seja com a expressão do afeto em abraços e beijos, da admiração declarada, dos presentes. É uma troca mútua, como se fossem a mesma pessoa, correspondendo uma às expectativas da outra, perfeitamente.

Então, a paixão se dá pelo reconhecimento e afinidade.

No amor, semelhantes se atraem.

É como se, mesmo sem saber tudo sobre o outro, tivessem percebido o quanto são parecidos em níveis profundos.

E é por isso que a paixão é sentida como algo tão maravilhoso, o ápice do bem estar, pois ambos se sentem importantes, aceitos, desejados, e a frase “Eu não sei mais viver sem você” indica para o outro que ele é a pessoa mais fantástica do mundo.

Quem não se sentiria incrivelmente bem com tudo isso?

Pensar no outro a todo o momento passa a ser uma forma de lembrar o quanto está sendo bom e especial para alguém.

Estudos comprovam que na fase da paixão, que dura em média dois anos, substâncias e reações novas ocorrem nos cérebros, colaborando para a sensação de prazer.

Mas em algum momento este êxtase vai passar, e então se poderá avaliar os pontos fortes que realmente farão a diferença para se manterem no relacionamento.

Mas este é um outro tema...

Rosangela tavares





sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Por que enfrentar o problema é o caminho mais correto


Você já deve ter ouvido algo como: “Pare de fingir que está tudo bem, você sabe que não está”.

Frases assim sugerem situações onde alguém está negando uma realidade.

Negação é um dos mecanismos de defesa do nosso psicológico, entre muitos.

Algumas pessoas o usam sempre, sem perceber.

A negação basicamente nos ajuda a não entra em contato com algo dolorido, conflitivo, com o qual imaginamos que não saberemos lidar, que será terrível, que é melhor evitar. Ou seja, funciona para nos manter distantes do sofrimento.

Alguém pode, por exemplo, viver num relacionamento problemático, e mesmo cansado, fingir que está tudo bem, evitando inclusive qualquer tentativa de conversa sobre a relação, para não ter que admitir que seu processo com o outro já acabou, esvaziou, que não tem mais jeito.

Pessoas podem negar que são traídas, para não terem que enfrentar uma separação, não terem que se sentir rejeitadas, menosprezadas.

A negação, em casos mais graves, pode implicar em negligência (quando por exemplo uma mãe nega que o filho está sofrendo abuso). Ela finge que não vê, “dá um jeito” de não entrar em contato com essa verdade, tamanho o pavor de encará-la.

Negar nem sempre é a melhor saída, apenas adia se ter que resolver algum conflito, além de que, quem vive insatisfeito e aguentando sozinho um processo, pode adoecer. Isso sem considerar a energia gasta para reprimir a emoção real e intensa, que lá no fundo já existe, só está bloqueada.

Existe um ditado que diz: “A verdade é libertadora”, que eu considero muito coerente, já que enfrentar uma situação e resolvê-la pode ser um caminho bem mais curto para a liberdade e alívio, e certamente muito mais sensato do que manter-se num conflito difícil, dispendendo energia para não encará-lo, correndo o risco de adoecer e ter que arcar com consequências muito maiores, perda de tempo e oportunidade de mudar de vida, perdas irreversíveis.


A verdade é uma só, e ser realista pode ser saudável neste sentido.


Rosangela Tavares

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Desculpe o atraso!


O nosso jeito de nos comportarmos sempre mostrará como somos por dentro.

É comum encontrarmos pessoas que não conseguem manter uma vida organizada, parece que estão sempre correndo, perdidas, com seus quartos ou casas bagunçados, objetos sempre esquecidos, projetos atrasados, amigos à espera daquele retorno, e não conseguem sequer marcar aquele médico do qual estão precisando, se deixando descuidadas, sempre alvoroçadas.

Chega a parecer que, mesmo que se esforcem muito, não conseguem ajeitar sua vida.

Existem pessoas que mudam seus horários de trabalho para poderem não chegar mais atrasadas e o que acontece é que elas continuam atrasadas.

Estamos falando de pessoas desorganizadas internamente.

Por mais que tentem colocar as coisas em ordem no externo, no físico, elas não conseguem, podem até fazer um esforço, organizar tudo, mas logo a bagunça se reinstala.

E isto pode significar o quanto seus processos internos e suas emoções podem estar “fora do lugar”.

É muito interessante ver pacientes que iniciam a terapia e depois de um tempo sentem vontade de arrumar seu guarda-roupa, sua casa. É como se as coisas começassem a andar, indo para seus devidos lugares.

Pessoas internamente desorganizadas podem parecer sempre cansadas, acabam gastando uma quantidade enorme de energia extra, o que não aconteceria se tudo estivesse melhor disposto dentro delas.

E toda essa desarrumação refletirá infalivelmente em suas relações, com o trabalho, com os parceiros, os filhos, os planos de vida.

Não temos como saber onde esse desconcerto começou, ou por quê, mas o que importa é que uma pessoa que vive assim, dificilmente realizará coisas plenamente, planejadamente, porque a anarquia  é na verdade profunda.

Enquanto não perceberem que o desalinho é algo de dentro, tudo voltará a sair do controle.

De qualquer forma, só a terapia psicológica pode não resolver. Provavelmente se fará necessário aplicar exercícios comportamentais, treinamentos para a organização, fazendo um processo paralelo aos ajustes internos.

Você pode justificar sua desorganização pela correria do dia-a-dia, mas saiba que a rotina nos ajuda a nos organizar por dentro e por fora.

Quanto mais ajustados estivermos emocionalmente, menos ansiedade viveremos, e isto pode nos permitir realizar as atividades rotineiras com calma e ordem.


Rosangela Tavares







quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O choro


Algumas pessoas têm mais facilidade para chorar do que outras.
Não porque estejam tristes, mas porque reagem mais sensivelmente a situações específicas cotidianas.
Existem inclusive algumas teorias de que não se deve chorar no ambiente de trabalho, para não demonstrar insegurança profissional, ou que quem não chora é insensível.
O choro é um dos recursos mais primitivos, que usamos para poder lidar com o ambiente depois que saímos do corpo de nossa mãe.
Os bebês choram por fome, frio, ou qualquer estímulo que os desagrade, pois eles não têm a menor capacidade de reagir de outra maneira. Eles não conhecem nenhum código, mímica, linguagem. É tudo instintivo. Eles não possuem recursos.
Então só lhes resta chorar, sinalizando algum desprazer, e assim podem ser atendidos.

Mas e os adultos?

O choro tem também a função de extravaso. Quando uma emoção nos toma fortemente, podemos não aguentar e involuntariamente explodimos num choro. Pensando por este lado, é um processo positivo, de descarrego de tensão.

Mas é importante observar quando a vontade de chorar aparece de maneira desproporcional ou incoerente diante de situações de dia-a-dia. Por exemplo, se encontro uma dificuldade no trabalho, um desafio, uma crítica, uma cobrança, e a vontade que tenho é de me trancar no banheiro e chorar, é como se o único recurso que eu tivesse, fosse o choro. Como uma criança que não sabe o que fazer, que precisa de ajuda.
Mas não deveria ser assim, já que num primeiro momento podemos considerar que os adultos possuem mais recursos, podem reagir, raciocinar, planejar, defender-se.

Chorar, em alguns casos pode significar um funcionamento infantil, no sentido de a pessoa não conseguir lidar mais seguramente com uma situação de conflito.
Nesse caso pode estar havendo uma projeção das experiências de criança com a situação atual. Isso quando a vivência velha não foi elaborada, deixando marcas, algo como se fosse um trauma.
Se você ao viver uma situação de cobrança, seja num relacionamento amoroso, na família, no trabalho, na vida, onde precise definir coisas, se posicionar, resolver, reagir, e perceber que a primeira coisa que sente é vontade chorar, pode fazer uma autoanálise. Pode haver vivências infantis que se relacionam com o seu agora.
Podem ter a ver, por exemplo, com a ausência de amparo por parte dos pais quando você formava a sua autoestima e precisava construí-la com segurança, dificuldades que passou sozinho e que não teve com quem contar (na escola, por exemplo), ou até mesmo processos que tenha aguentado sozinho e por algum motivo não contou para ninguém.
Pessoas que viveram muita ausência afetiva, falta de proteção, podem trazer consigo insegurança, sensação de que estão sozinhos, e reagem primitivamente, mesmo sendo adultos. É um comportamento desatualizado.

Elaborando e trabalhando as vivências antigas, pode-se passar as coisas a limpo, dissociando as situações, atualizando os recursos que se tem, ou construindo novos, para lidar com o momento atual da vida com mais confiança e tranquilidade.





segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Eu Juro


Você costuma fazer juramentos?

Os juramentos são como promessas, pactos.

É quando se lança uma intenção forte no ar, estabelecendo uma condição: “Eu juro que nunca mais ninguém vai fazer isso comigo”,  “Juro que nunca mais cometerei este erro”,  “Juro que nunca mais volto a este lugar”.

Em algum momento da nossa vida, podemos sofrer algo terrível, e juramos nunca mais passar por aquilo. E isto pode acontecer inclusive inconscientemente. Como defesa.
E por muito tempo, ou até por uma vida inteira, poderemos perseguir essa promessa.

Tem pessoas que são extremamente reativas, ariscas nos relacionamentos, por terem tido uma infância difícil, diante de um modelo negativo de relação dentro de casa. Juraram que nunca ninguém iria mandar nelas, nem se impor, nem forçá-las a nada. Jamais viveriam o que os pais viveram.

Outras pessoas se isolam, não se relacionam, como se vivessem bem na solidão, por terem sofrido muito quando se apaixonaram e foram iludidas, traídas, trocadas, abandonadas. Também juraram nunca mais se envolverem, nem acreditarem jamais em um novo amor.

Tem as que vivem mudando de lugar, de trabalho, de cidade, de país, pois um dia foram expulsas de casa por algum motivo que a família não conseguiu compreender. Se não puderam ter segurança na sua própria casa e família, onde mais poderiam achar confiança para ficar?

Tem as que foram traídas por aquele "amigo" e ficaram traumatizadas.

Por trás de cada comportamento desses pode haver o juramento inconsciente.

Quanta defesa, quanta dor por trás de comportamentos que muitas vezes nem são entendidos, nem mesmo pela própria pessoa, que se defende e que sofre as consequências da promessa.

As experiências duras da vida podem nos marcar com tanta intensidade, que fazemos tais juramentos, na mesma força.

E de alguma forma o juramento escraviza, limita, impossibilita, interrompe caminhos para oportunidades diferentes, felizes.

A pessoa segue a jura, sem questionar os resultados, quando nem sempre as mesmas histórias se repetirão, já que a pessoa não é mais criança, que a outra já teria experiência suficiente para escolher alguém que realmente provasse seu amor por ela, e que é possível sim, construir um lugar fixo para ser feliz, já que a segurança que todos sentimos na vida, é apenas uma falsa segurança, tudo na vida pode mudar sempre, sem aviso.

É muito importante que atualizemos o nosso olhar para as novas experiências.

Tudo passa, tudo muda.

Se dar conta dessa prisão pode ser primordial para poder escolher continuar, ou para decidir procurar uma forma de libertação e deixar a prisão do juramento, porque se desejarmos verdadeiramente, podemos achar caminhos e mudar de rumo.

É possível transformar. E pode ser um ingresso para um caminho mais feliz de viver.

Pense nisso, procure ajuda, quebre o juramento, porque essa promessa foi só de você para você mesmo, cabe a você rompê-la, enfrentar, renovar.



      Rosangela Tavares















sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Somatização

É comum a gente ouvir algo do tipo: “Acho que você está somatizando”, quando se quer dizer que alguém está passando mal fisicamente por andar nervoso, cansado, raivoso, estressado.

E a somatização é exatamente isso: viver no corpo algo emocional de que não estamos dando conta.

Soma significa corpo.

Por isso chamamos também de psicossomatização, ou seja, o nosso mental (psique) atingindo o nosso corpo (soma).

Mas como é esse processo?

Nós funcionamos com uma estrutura que tem tudo para ser perfeita.

E uma das funções do nosso sistema psicológico é nos defender de “ataques”.

Qualquer situação que for vivida como estressante, como se estivéssemos sendo atacados (a pressão no trabalho, um problema familiar, uma perda grande, etc.), faz com que nosso psicológico reaja imediatamente de alguma forma, nos protegendo de passar mal.

Porém, quando alguém vive algo negativo com muita intensidade ou por tempo prolongado e constante, pode acontecer dessa carga não ter vazão, não poder ser dissipada.

E o resultado aparece na forma de doenças, dores não justificadas em exames médicos, desequilíbrios.

Quando alguém passa por uma situação altamente perigosa, como por exemplo um sequestro, o seu psicológico pode reagir tão defensivamente, que pode criar uma impressão positiva sobre a situação.

Já vi pessoas que passaram por isso dizerem que na verdade foi tudo bem, que os bandidos “eram bonzinhos”, que as trataram bem.

Mas isso não significa que a vítima ficará bem, pelo contrário, o temor foi fortemente reprimido, poderá ressurgir de algum jeito, em algum momento, mesmo que demore meses, até anos.

Quando uma vivência ou processo negativo não pode ser trabalhado, acontece como que um acúmulo de energia, que pode “explodir” de alguma forma no organismo, atingindo cada um de uma forma particular, onde a pessoa tiver uma fragilidade genética, um órgão ou sistema simbolicamente relacionado com a experiência.

Quem já não acompanhou um colega ou a si mesmo com dor de estômago depois de uma situação que não conseguiu “digerir”?

Ou então uma dor de garganta por ter tido que ficar calado num momento onde a vontade era “falar um monte”?

E não há regras.

Alguém que passa por situações que não consegue “engolir”, pode acabar produzindo uma gastrite.

A LER (lesão por esforço repetitivo) pode estar relacionada à insatisfação com a atividade.

As inflamações podem estar relacionadas à raiva.

A obesidade pode estar ligada a um luto mal resolvido, excesso de defesa, acúmulos.

Até a Síndrome do Pânico, num primeiro momento é analisada como repressão de grande estresse.

São apenas exemplos, já que se trata de questões muito subjetivas do nosso funcionamento.

De qualquer forma, vale lembrar que, tudo o que é falado, expressado, pode ajudar na liberação das tensões.

Entrar em contato com as dificuldades é mais saudável do que se defender, fingindo que não está sendo atingido.

E buscar um tratamento mais cedo é uma atitude inteligente, antes que uma doença se instale, e tenha que receber intervenções, às vezes invasivas e radicais.




quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ressignificar


Ressiginificar pode ser de extrema importância para a nossa saúde como um todo.
Tentei deixar este texto o menos técnico possível, para não ficar cansativo, espero que gostem.


Ressignificar é dar um novo significado para algo, ou seja, substituir o significado de alguma coisa.

Toda a vez que temos contato pela primeira vez com algo novo, criamos para aquilo uma representação em nossa mente, e assim, mesmo quando não estivermos “frente” àquilo, poderemos acessar a representação.

Isso pode ser para um objeto material, uma música, uma emoção, um tipo de dor, um cheiro, ou para coisas maiores, como uma fase da vida, uma história.

É como se fosse um símbolo que criamos, pessoal, interno, para o arquivamento daquele elemento dentro do nosso mental.

Por exemplo, se alguém lhe perguntar de qual cor você mais gosta, você imediatamente acessará seu arquivo interno, achará a representação, e a traduzirá para quem perguntou.

Desde bebês, dia a dia vamos formando as nossas representações para tudo o que vivemos. É complexo, mas lindo.

Então, cada momento do dia, do ano, da vida, é registrado, catalogado, guardado.

Ter acesso a tudo ao mesmo tempo não seria saudável ou possível, por isso fica “guardado num compartimento”.

O mesmo acontece para as experiências pelas quais passamos. Cada uma delas fica automaticamente gravada, representada, e isso é involuntário.

E tudo o que é guardado, tem também uma impressão para nós, algo que tem mais a ver com sensação, emoção, que pode ser negativa, positiva ou neutra.

Toda a vez que recordamos uma vivência, a representação será acessada pela lembrança, e trará junto com ela a emoção que a acompanhou quando aconteceu.

E isso é uma coisa muito importante quando pensamos, por exemplo, em alguém que sofreu algo traumático e doloroso. O tratamento mais essencial pode ser pela via da elaboração e ressignificação.

Mas como funciona isso?

Muitos de nós já deve ter passado pela experiência de não gostar de algo, como um prato, de uma música, um lugar, e anos depois, por algum motivo isso muda, e passamos a gostar, ou seja, abandonamos a velha impressão sobre aquilo e criamos uma nova, desta vez positiva. Isso é ressignificar.

Me lembro de ter assistido a um filme, em que uma pessoa cega de nascença, passava a enxergar. E foi um choque tremendo, foi sofrido quando ela enxergou uma latinha de refrigerante vermelha.
E por que foi assim, e não uma felicidade?

Porque ela não tinha se dado conta de que desde que nasceu, tinha criado suas representações de uma forma diferente de quem enxergava, ela não sabia visualmente o que era uma cor, por exemplo.

E percebeu a dificuldade que teria dali em diante, para reconstruir seus registros sobre tudo na vida. Talvez fosse menos sofrido voltar para seu mundo antigo, já estruturado, da cegueira. 

Ressignificar é refazer, recriar, “re-registrar”. E pode ser uma capacidade riquíssima de cada um.

Se pensarmos que somos capazes disso, podemos achar uma porta, uma oportunidade muito positiva de escolhermos coisas que queremos ressignificar e transformar, e trabalhar para isso, sozinhos se possível, ou com ajuda, porque muitas vezes trocar o velho pelo novo pode fazer toda a diferença para a nossa felicidade.


Rosangela Tavares





Eu primeiro!


Nessa fase tão agitada que precede as eleições de 2014, recebi uma sugestão para escrever alguma coisa sobre o comportamento mais geral das pessoas do nosso país, com relação à sua colaboração para o coletivo.

Chega a ser triste perceber no nosso dia a dia, o quanto a mentalidade "Eu primeiro" se faz presente.

Uma vez acompanhei uma pessoa que iniciou numa corrente de boas ações.

Ela explicou que a proposta da corrente era que cada um se propusesse sinceramente a realizar três boas ações por dia. E poderia ser em qualquer sentido, até mesmo pagar em dinheiro trocado, dar a vez para outro motorista no trânsito, elogiar um colega.

E foi muito interessante o que ela observou depois de alguns dias: era muito difícil realizar as três boas ações, tendo mesmo que fazer um esforço para realizá-las.

Por que será?

Talvez porque fazer para alguém no mundo afora seja algo meio desconhecido, destreinado, não aprendido (?), na nossa cultura.

Parece ser muito cultural "dar um jeitinho" para ter facilidades para si, sem a consciência do que isto implica para o outro, do quanto uma atitude pode invadir o direito e o espaço do próximo.

E isto vai desde o som alto dentro da condução, até deixar de pagar um produto que comprou do amigo e que do qual já está fazendo uso.

Percebo que é uma questão de consciência, ou melhor, falta de consciência.

É muito comum que não se tenha a noção do quanto uma atitude individual boa, pode ter um efeito em cadeia, positivo, motivador, transformador. É o velho chavão "gentileza gera gentileza", tão verdadeiro e desprezado.

É tão bonito ver outras culturas educarem suas crianças para servirem aos menores, aos idosos, ao outro em geral, e sempre. Chega a ser inacreditável, utópico para nós. Nesse caso não tem o "Eu primeiro", mas o "para Todos Nós".

Se estamos ou não longe desse altruísmo e consciência não sei, mas talvez você possa parar por um instante e se perguntar quantos atos positivos realizou nos últimos dias, seja com um conhecido ou desconhecido. Porque, se pensarmos bem, não podemos cobrar atitudes dos nossos representantes políticos, se nem damos bom-dia para o motorista do ônibus, que, só para lembrar, está nos servindo.

Ah, uma frase que eu acho muito bacana e verdadeira: 

"Ninguém errou mais do que aquele que não fez nada, só porque podia fazer muito pouco". (Edmund Burke) 


Rosangela Tavares


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Aceitação


Você tem facilidade para aceitar?

Muitas vezes não nos damos conta do quanto precisamos exercer a aceitação.

Desde que acordamos precisamos aceitar o clima do tempo, aceitar que a roupa que gostaríamos de vestir está no varal, que não vamos ter tempo de sentar à mesa, que não poderemos dormir o quanto gostaríamos...

Aceitar é ficar emocionalmente de acordo com uma condição, mesmo se ela for contrária ao que esperamos.

Quanto mais facilidade tivermos para aceitar, menos sofreremos.

Algumas pessoas têm imensa dificuldade em aceitar as coisas, reclamam todos os dias do tipo de trabalho, do trânsito, do colega, da comida do restaurante, do frio, do calor.

Pessoas assim podem não ter se dado conta ainda, de que essa é uma forma de sofrimento, e que somente elas são responsáveis pelo lugar aonde estão. Elas são livres para procurar outro trabalho, outro horário para sair de casa, outro restaurante, outra vida.

Tem gente que não aceita que o tempo passou, que o namoro acabou, que o filho cresceu, que o dinheiro não deu.

Tem os que não aceitam que não podem ter o controle de tudo, vivem mal humorados, mas aceitam as doenças, passam o tempo sobrevivendo, tentando alcançar o que não podem, infelizes.

Viver bem é aprender a aceitar, aceitar que tudo muda o tempo todo, que nossos pais envelhecem na nossa frente, que o outro sempre será diferente de nós, que nós somos responsáveis por nós mesmos, e que no fundo somos sozinhos.

Tem gente que passa uma vida inteira olhando para trás, sem aceitar que a infância foi sofrida e limitante, que o primeiro namorado casou com outra, que não fez a faculdade que sonhava.

E não tem muito jeito, só conseguiremos ser mais felizes quando despertarmos, conhecermos o nosso nível de aceitação e exercitarmos nossa flexibilidade, provando aos poucos para nós mesmos, que somos capazes de aceitar mais, de levarmos as coisas de um jeito mais leve.


Só depende de nós nos colocarmos mais dispostos diante das coisas, darmos um basta, mudarmos o foco, passando a olhar para as coisas de um outro jeito.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Identificação


Identificação é uma coisa muito legal. Acontece o tempo todo com a gente. 

Podemos relacionar identificação com "idêntico", que tem a ver com ser igual. Também pode ser reconhecer. 

Então quando falamos que alguém se identificou com alguma coisa, seja uma situação, um filme, ou outra pessoa, estamos dizendo que esse alguém se reconheceu ali, que aquilo tem a ver com ele em algum aspecto, tem elementos parecidos com ele em algum nível. E isso é involuntário, automático, inconsciente. 

Desde criança cada um vai escolher uma cor do lápis de colorir, porque se identifica mais com aquela cor, porque aquela, diferente de outra, trouxe alguma emoção mais prazerosa ao ser olhada. 
E assim vamos fazendo as nossas escolhas pela vida, formando nosso estilo de nos vestir, nossos tipos de músicas, a matéria que mais gostamos na faculdade, a profissão, o corte de cabelo... 

Todas as nossas escolhas tem a ver com o nosso interior, até a fragrância do nosso perfume. Nós sempre escolhemos aquilo com o que nos identificamos. Se a escolha for diferente, incomoda.  

Por que com algumas pessoas firmamos uma amizade profunda e com outras não? A diferença está na identificação.

As pessoas se agrupam sempre por afinidade. As famosas panelinhas no trabalho, na escola ou em qualquer outro lugar sempre se formam espontaneamente, por identificação. Se afinizam aqueles que se identificam.  

As atrações para os relacionamentos amorosos também se dão pela identificação. Aquela história de que os opostos se atraem não procede. Pelo menos no âmbito  psíquico. E os relacionamentos que tendem a dar mais certo são aqueles onde os parceiros se parecem mais internamente, dividindo as mesmas idéias, objetivos e planos para a vida. Você pode notar que muitos relacionamentos terminam quando as cabeças mudam, quando um amadurece mais do que o outro, e os objetivos em comum já não batem mais. 

Agora uma curiosidade sobre identificação: sabe o sotaque? Quando alguém se muda para uma região onde o sotaque é diferente, depois de um tempo tenderá a alterar sua forma de falar, involuntariamente.
Isso também acontece pela via da identificação, juntamente com a adaptação. A nova cidade vai ficando mais familiar a cada dia, e a pessoa adere ao jeito de falar das pessoas ao redor.

Algumas pessoas não "pegam" o sotaque. Isso tem a ver com a flexibilidade de alguns elementos internos de cada um, entre outras características pessoais.  

Só mais uma curiosidade: sabe quando uma música fica na sua cabeça por horas ou dias? É porque houve alguma identificação sua com algum elemento da música, de forma inconsciente, mesmo que seja uma música da qual você não goste!